Valor de moedas antigas: 10 dicas antes de perguntar a alguém
Um dos assuntos mais intrigantes e controversos da numismática é determinar o valor das moedas antigas. Muitas pessoas encontram alguma moeda antiga ou tem moedas antigas em sua posse e já se encantam com a data, pensando ter uma moeda rara de grande valor comercial.
Nesse artigo, abordaremos os critérios que você deve analisar numa moeda antiga antes de perguntar o valor da mesma para alguém. Você conseguirá ao final do artigo ter uma visão um pouco mais completa do mercado numismático e poderá decidir se vale a pena vender ou guardar a moeda antiga que está em suas mãos.
Antes de começar, já adianto que não abordaremos o valor de moedas aqui, somente apresentaremos como os colecionadores e numismatas avaliam o valor de uma moeda, além de sugerir literatura que apresenta uma base de valores de moedas antigas.
Conheça abaixo 10 coisas que você precisa saber antes de perguntar a alguém o valor de moedas antigas:
1. Descubra qual é a moeda que você possui
Isso mesmo! Antes de dizer a alguém que tem uma "moeda antiga rara" ou enviar fotos para algum colecionador ou especialista numismata perguntando quanto vale sua moeda, é muito importante que você pesquise antes qual a é moeda que você possui.
É muito comum colecionadores iniciantes ou pessoas que não colecionam encontrar alguma moeda e já ir perguntando para colecionadores quanto vale sua moeda ou até mesmo, no pior caso caso, sair declarando que possui uma moeda rara.
Se você não é colecionador, tudo bem, é compreensível perguntar antes de pesquisar, mas se você é um colecionador e não pesquisar antes de perguntar o valor, ou até declarar que possui uma raridade, correrá o risco de ser taxado como mentiroso e pode cair em descrédito perante seus colegas numismatas.
No pior dos casos, quanto a falta de informação prévia sobre determinada peça, é você perguntar para uma pessoa de ética duvidosa e acabar sendo enganado por ela, que poderá dizer que sua moeda não vale nada e oferecer um valor bem abaixo do que realmente vale.
Então, pesquise antes de perguntar, descubra qual é a moeda que você possui! Veja como:
Para essa pesquisa, utilize o catálogo do Collectprime, é uma ferramenta gratuita, você pode usá-la para pesquisar por qualquer informação gravada na moeda e descobrir outros detalhes que o ajudarão a determinar se sua moeda é rara, escassa ou comum.
Você poderá obter informações de qual é o metal, o peso, diâmetro, emissor, se a emissão da moeda foi uma emissão comum, para circulação padrão, ou se foi para comemorar alguma data ou personalidade, etc.
Moedas comemorativas costumam ter emissões menores e podem ser mais valorizadas pelos colecionadores e é evidente que moedas de metais mais nobres são as mais cobiçadas.
Então, conheça sua moeda, mas não se anime muito antes de saber se ela é falsa ou verdadeira, conforme falamos no próximo tópico.
2. Tenha certeza que a moeda é original
Um dos grandes problemas da numismática atual são as réplicas modernas de moedas, uma forma polida de falar das moedas falsas, verdadeiros produtos ilícitos.
Na grande maioria, essas moedas são confeccionadas com características bem próximas das originais, enganam muitos colecionadores iniciante e até mesmo o experiente desatento.
Depois que descobriu qual é sua moeda, compare os detalhes da mesma e com as imagens do catálogo do Collectprime. Se for insuficiente, pesquise o nome da moeda no Google e compare com fotos de outras moedas da mesma.
Isso vai te ajudar a determinar se a sua moeda é verdadeira uma réplica (moeda falsa moderna), evitando constrangimentos e frustrações quando for mostrar para alguém mais experiente.
Tendo a certeza que a moeda é verdadeira, o próximo passo é saber quantas dela foram emitidas, o que nos leva ao próximo tópico.
3. Descubra a quantidade emitida daquela moeda
Para a maioria das moedas modernas há registros da quantidade emitida. Isso é um requisito legal em todos os países, uma regra que regulamenta o dinheiro em circulação em qualquer economia.
A exceção está nas moedas realmente muito antigas, nas moedas da numismática clássica ou moedas de países que não mantinham esses registros, mas é exceção, então não precisamos nos preocupar muito, a maioria está documentada.
Para descobrir a quantidade de moedas emitidas, você também pode usar o catálogo do Collectprime. A maioria das moedas que consultar no catálogo terão uma aba chamada "Emissões" que mostrará a quantidade de moedas emitidas para cada ano da moeda.
Veja por exemplo, a moeda abaixo:
A moeda de 1 centavo do Cruzado novo acima, por exemplo, foi emitida em 2 anos, conforme abaixo:
Ano de emissão | Quantidade emitida |
---|---|
1989 | 298.100.000 |
1990 | 1.000.000 |
Você vai concordar comigo que uma moeda de 1989 que teve quase 300 milhões de unidades emitidas é muito comum e não vai valer muito porque tem muitas delas espalhadas por aí.
Mas a moeda de 1990, que só teve 1 milhão de unidades emitidas, é muito escassa e ela sim vai valer um bom dinheiro.
Percebeu que essa quantidade de emissão vai te ajudar a ter noção do quão comum sua moeda é e se terá interesse e valor maior na hora de uma possível negociação.
Não há uma regra que determine que, quanto menos moedas emitidas mais rara é a moeda, nem regra que determine que uma moeda de baixa emissão vale mais que outra.
Isso devido a muitos fatores como o recolhimento ou troca de moedas quando há alterações de planos econômicos, a venda do metal para reuso em outros objetos (principalmente prata e ouro), o descarte de moedas de valor muito baixo como centavos, etc.
Esses fatores influenciam no que chamamos de quantidade conhecida da moeda, um indicador subjetivo de exemplares sobreviventes que podem estar disponíveis no mercado para aquisição por colecionadores.
Não é uma regra, mas particularmente, eu fico atento a maioria das moedas comemorativas, a moedas do século XX com menos de 1 milhão de exemplares emitidos e moedas do século XIX com menos de 5 milhões de exemplares emitidos, ou até em moedas com um pouco mais de emissão, de acordo com a história da moeda, que é o nosso próximo tópico.
4. Pesquise mais sobre a história da moeda
Saber a história da moeda é algo que pode determinar sua raridade para mais, mesmo se for uma moeda com alta emissão, vamos descobrir o porquê.
Muitas moedas foram emitidas em períodos históricos, de grande significado para uma parcela da população. Por exemplo, algumas datas de moedas que foram emitidas durante a segunda guerra mundial pela Alemanha nazista podem ser de muito interesse para alguns colecionadores.
De igual modo, moedas que foram cunhadas durante os primeiros anos da república brasileira ou que foram emitidas por alguma casa da moeda já extinta podem ser bem valorizadas.
Então, saber detalhes como quem foi a autoridade emissora da moeda e qual o período da história em que a moeda foi emitida, pode ser um grande argumento na hora de negociar sua moeda antiga.
Há ainda moedas que tiveram grande adoção pela população e foram muito circuladas, então, ter uma dessas em bom estado de conservação, mesmo com uma grande emissão, pode ser interessante para colecionadores.
E é sobre isso que falaremos abaixo, como o estado de conservação pode ser importante na hora de definir o valor de sua moeda antiga.
5. Tenha uma noção do estado de conservação da moeda
Assim como qualquer objeto, quanto mais bem conservada estiver sua moeda antiga, mais desejada e valorizada ela será para os colecionadores.
Aqui cabe um alerta: estado de conservação não significa moeda limpa e brilhando, então, em hipótese alguma vá limpar a sua moeda antiga para dar um aspecto de mais bem conservada, na maioria das vezes é o contrário.
No meio numismático as moedas podem ser classificadas em vários graus de conservação e é um dos fatores mais relevante, que pode agregar ou depreciar valor na sua moeda.
Esse também é um assunto polêmico, mas nós do Collectprime gostamos de indicar para colecionadores iniciantes a escala descrita no Livro das Moedas do Brasil do Claudio Amato e Irlei Soares para determinar o estado de conservação de moedas.
Deu para perceber que o estado de conservação da moeda é algo bem importante para os colecionadores e numismatas, não é mesmo? Mas ainda tem mais, porque cada detalhe é importante quando está analisando uma moeda, veja no próximo tópico.
6. Fique atento aos detalhes da moeda
No mundo da numismática, todo detalhe é importante. Isso significa que uma pequena marca de cunhagem ou um defeito que uma pessoa comum pode pensar ser algo que deprecia a moeda, pode aumentar significativamente seu valor.
Então, fique atento a detalhes sutis em sua moeda, como por exemplo, um erro de grafia de legenda ou a falta de algum detalhe do design, ou seja, qualquer detalhe que diferencie sua moeda de outras moedas da mesma.
Aqui também vale um alerta: cientes de que erros e detalhes podem agregar valor nas negociações de moedas antigas, algumas pessoas tentam produzir erros em suas moedas através de intervenções que buscam transformar uma moeda comum em raridade, por exemplo, lixando parte do design, desgastando bordas da moeda ou aplicando carimbos e marcas falsas.
O nome disso é vandalismo e com o tempo você vai aprender a diferenciar um erro de cunhagem, uma marca de cunhagem ou um carimbo original de uma intervenção manual.
Só como exemplo de como os detalhes são importantes, a falta de um ponto em uma moeda de prata do Império do Brasil pode aumentar seu valor em aproximadamente 30%, um desalinhamento de cunho, popularmente chamado de reverso invertido ou reverso inclinado, pode aumentar o valor de uma moeda antiga em 40% ou mais.
Em alguns casos, uma moeda com uma letra monetária de uma casa da moeda de baixa emissão pode valer 20 vezes mais que uma moeda da mesma data de outra casa da moeda.
Então, fique atento a todos os detalhes, estude sua moeda antes e descobrirá a grande diferença entre Valor e Preço no mundo numismático.
7. Diferencie Valor de Preço de moedas
Quando falamos em valor de uma moeda antiga, precisamos diferenciar o valor valor histórico, cultural e emocional do valor comercial.
A esse último, damos o nome de preço, mas ele é influenciados pelos primeiros. Isso significa dizer que, uma moeda antiga de um período relevante tem um valor histórico que influencia no valor comercial da mesma.
Bem como uma moeda que foi utilizada por uma parcela da população de algum local, em revoltas ou revoluções, possuem valor histórico e cultural maior que outras moedas do mesmo período.
Exemplo desses tipos de modas são moedas com carimbos do Pará (moeda da Cabanagem), Carimbo de Piratini (Revolução Farroupilha), Carimbos especiais e de festas religiosas, carimbo do ceará, carimbos do império ou moedas com símbolos da monarquia, etc.
Nos links abaixo você encontra artigos sobre esses tipos de carimbos em moedas:
É correto também afirmar que moedas que representam valor emocional, como moedas com símbolos de profissões, temáticas religiosas, de determinadas personalidades ou animais, são mais valorizadas para pessoas que tenham afeição a esses universos.
Então, para definir o valor comercial de uma moeda antiga, diferenciar o valor subjetivo aumenta o preço da mesma, principalmente quando você consegue segmentar um público que pode se interessar por ela.
Se você chegou até aqui, é porque realmente está interessado em saber o preço de uma moeda, então, falaremos nos próximos 3 tópicos sobre as fontes de valores de mercado de moedas antigas.
8. Adquira ou consulte preçários numismáticos
Os preçários ou catálogos preçários são livros estruturados por numismatas renomados que apresentam informações básicas de moedas de um determinado país e valores de mercado estimados para cada uma, na maioria das vezes de acordo com estados de conservação.
São vários os autores que compilam informações de moedas na forma de preçários e você pode adquirir esses catálogos preçários nos sites dos próprios autores, nas Associações ou Clubes de colecionadores ou em sites para venda de livros.
Normalmente, os valores apresentados nos preçários são estruturados através da compilação de dados de vendas de moedas em leilões online e presenciais, sites especializados na venda de moedas ou em eventos numismáticos.
Os principais catálogos preçários para moedas do Brasil são:
1. Livro das Moedas do Brasil
Dos autores Claudio Amato e Irlei Soares, o Livro das Moedas do Brasil é o mais conhecido entre os colecionadores brasileiros, está em sua 15ª edição e apresenta valores base de moedas emitidas no Brasil de 1643 até 2018.
2. Catálogo Vieira
O Catálogo Vieira de Moedas Brasileiras está em sua 17ª edição e possui informações de moedas brasileiras emitidas de 1695 a 2017.
3. Livro Bentes das Moedas Brasileiras
Do autor Rodrigo Maldonado, o Livro Bentes das Moedas do Brasil está em sua 6ª edição e está organizado de forma descritiva, compreendendo moedas circuladas ou não no território nacional, de 1500 a 2018.
4. Catálogo Amigo
O catálogo Amigo de moedas brasileiras do autor Mauricio Porto Moreira está em sua 2ª edição, foi lançado em 2018 e contempla informações e valores de moedas brasileiras de 1818 a 2018.
9. Pesquise o valor da moeda na internet
Como os valores dispostos nos catálogos preçários são bases de negociações, significa que sua moeda pode valer mais ou menos do que o valor ali apresentado.
Isso também porque o mercado numismático, como qualquer outro mercado, é influenciado pelo fator de oferta e procura. A moeda de 1 Real que comemora os 50 anos da declaração dos Diretos Humanos é um exemplo. Há muita procura e pouca oferta da mesma, então o valor de mercado é superior ao valor de preçário.
Para uma melhor noção de valor comercial de moedas antigas, é indicado também pesquisar valores em negociações pela internet, em sites como Mercado Livre, eBay ou sites especializados.
Recomendamos que seja feito um levantamento de valores de 10 negociações e faça uma média desses valores.
Isso será uma tarefa bem mais fácil agora, porque você já sabe qual é sua moeda, já conhece um pouco mais da história da moeda, tem uma noção do estado de conservação e já pode até ter tido uma base de valores em catálogos preçários.
Se depois de tudo isso você ainda não conseguiu obter informações sobre sua moeda e nem ter uma base de valores, recomendamos buscar a opinião de um especialista.
10. Pergunte a um especialista
Nesse momento, é quando você vai falar para outra pessoa que possui uma moeda antiga e quer informações sobre ela.
Como você já passou por todas etapas acima, você já conhecerá um pouco mais sobre numismática e terá conhecimentos suficientes para melhor argumentação e conversa sobre a sua moeda antiga.
Temos certeza que o conhecimento que adquiriu com a execução das recomendações anteriores te dará condições para diferenciar uma boa análise de uma análise ruim da sua moeda antiga, então busque mais de uma opinião.
Busque por especialistas nas entidades de colecionismo como Associações, Clubes e Sociedades de numismática, busque por comerciantes que possuem lojas e que estão há algum tempo no mercado, porque esses terão o conhecimento para analisar sua moeda corretamente.
Desejamos sorte em sua busca por informações no maravilhoso mundo da numismática.
Pode parecer muita coisa, mas é isso que um numismata experiente faz, com a diferença de fazer de forma muito mais rápida, porque está acostumado com essas informações.