Essa emissão postal é composta por seis selos, celebrando seis Mulheres que fizeram e fazem história. A primeira homenageada é a cantora e compositora dona de uma das melhores vozes da música brasileira, a inigualável Elza Soares.
A imagem é uma foto que foi tirada durante um show no Centro de Convenções Ulysses Guimarães em Brasília. O elo desta emissão é o símbolo da mulher, que consta em todos os selos.
A folha com borda na cor magenta, é composta por 18 selos, tendo o título da emissão no canto superior esquerdo e no canto superior direto desenhos estilizados de um microfone e notas musicais. Foram usadas as técnicas de fotografia e computação gráfica.
Edital nº | 15/2019 |
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Foto | Patricia Lino |
Arte-finalização | Jamile Costa Sallum e Daniel Eff/Correios |
Processo de Impressão | ofsete |
Papel | Couchê gomado |
Folha | Com 18 selos |
Valor facial | 1º porte, carta não comercial |
Tiragem | 54.000 selos |
Área do desenho | 21 x 39 mm |
Dimensão do selo | 26 x 44 mm |
Picotagem | 11,5 x 11 |
Data de emissão | 23/07/2019 |
Local de lançamento | Rio de Janeiro-RJ |
Impressão | Casa da Moeda do Brasil |
Versão | Departamento de varejo/Correios |
Cód. de comercialização | 852012900 |
As mulheres na filatelia
Os selos postais, desde o seu surgimento, em 1840, na Inglaterra, iniciaram a grandiosa missão de propagar a história universal e de comunicar os grandes e abnegados feitos daqueles que se dedicaram à construção de valorosas obras em vários contextos socioculturais.
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Assim, o primeiro selo postal do mundo, o penny black, exibia a efígie da Rainha Vitória, perpetuando o perfil de uma soberana inglesa, reconhecida por sua coragem e determinação frente aos desafios de sua época. Daí compreendermos que o selo já nasceu predestinado a marcar com nobreza os fatos por ele assinalados.
São inúmeros os selos postais brasileiros dedicados às mulheres e suas obras. É gratificante verificar o quão nobre tem sido a presença da mulher na Filatelia, destacando a sua função em vários contextos, mostrando que as mulheres estão cada vez mais conscientes dos papéis que desempenham na sociedade. É, portanto, justo que mulheres valorosas tenham as suas contribuições e os seus valores perpetuados em selos postais.
Os selos postais chegaram ao século 21 comunicando personalidades, obras e aspectos artísticos, históricos, sociais, ambientais e desportivos, que o Brasil e o mundo precisam reverenciar.
Nesse contexto, as mulheres têm desempenhado um papel cada vez mais importante na sociedade, vencendo lutas de vários significados, buscando assegurar seus direitos frente a uma vida digna, segura e pautada no respeito à liberdade, à igualdade e defesa de seus ideais.
Mais uma vez, a filatelia brasileira tem a honra de emitir selos sobre mulheres. Agora será a vez de Mulheres que Fizeram História, destacando seis personalidades vencedoras em suas vidas. São elas: Elza Soares, Hortência Marcari, Hebe Camargo, Carolina Maria de Jesus, Maria da Penha e Aracy de Carvalho Guimarães Rosa.
As mulheres merecem essa honraria, que também dignifica e enriquece a Filatelia brasileira. Esses selos representam o reconhecimento do Brasil e do mundo à história de vida, de trabalho e de força que as motivaram na tarefa de transformar o mundo.
Selo de Elza Soares
No primeiro selo desta Série contaremos a história da cantora e compositora Elza Soares, que nasceu chamada Elza Gomes da Conceição, em 23 de junho de 1930 ou 1937, na favela da Moça Bonita, atualmente Vila Vintém, no Bairro de Padre Miguel/Rio de Janeiro.
Filha de uma lavadeira e de um operário, ainda pequena, mudou-se com a família para um cortiço no bairro da Água Santa, onde foi criada.
A história de Elza Soares foi escrita com ingredientes singulares de pobreza, sofrimento, determinação, coragem, talento, resiliência e persistência. Aos 11 anos de idade foi obrigada a abandonar os estudos para se casar com Lourdes Antônio Soares, amigo de seu pai.
Elza sofreu muito com esse matrimônio, sendo submetida constantemente ao infortúnio da violência sexual e doméstica. Aos 12 anos de idade nasceu o seu primeiro filho. Uma grande dor brota em seu coração, quando seu segundo filho morre de fome.
Em meio a tantas lutas e perdas, Elza Soares tinha o sonho de ser cantora. Sua primeira apresentação ao vivo, em um Auditório, ocorreu em 1953, no programa de Ary Barroso, na Rádio Tupy.
Em vista de seu jeito humilde de falar e de se vestir, intrigou o apresentador do Programa, que lhe fez a seguinte pergunta:
— De que planeta você veio? Ao que Elza respondeu:
— Vim do mesmo planeta que o senhor. E ele, intrigado, indagou:
— E de que planeta eu sou? E ela:
— Do planeta Fome.
Esse episódio marcou o início de sua carreira musical. A biografia de Elza Soares é repleta de fatos tristes, que poderiam tê-la impedido de continuar a vida.
No entanto, foi com o seu talento musical, dotado de surpreendente força vocal, que a nossa heroína conseguiu ser Estrela das mais reluzentes entre nós. Com sua voz rouca e envolvente, Elza propagava, com o clamor das letras de suas composições, a sua própria vida.
Em 1960, passou a trabalhar apenas com música, cantando semanalmente no Rádio. Depois, foi convidada para se apresentar na Televisão, realizando nesse mesmo ano, uma turnê internacional, consolidando, assim, o tom grave e rouco de sua voz. Suas músicas esbanjavam emoção em torno do sofrimento, do amor e das paixões, mostrando que esses ingredientes também temperavam a sua existência e a de seus ouvintes e admiradores de sua música.
Vale destacar sua nobreza de caráter e seu olhar de compaixão para com os algozes que a vitimaram, quando perdoou os sequestradores de sua filha, desaparecida em 1959, com apenas um ano de idade.
Essa criança foi encontrada já adulta, após anos de buscas, onde policiais e detetives foram incansáveis na procura. Perdoou os criminosos, demonstrando que o perdão é possível, mesmo ante a revolta e a dor.
Conheceu Manoel Francisco dos Santos, a Garrincha, em 1962, vinculando sua existência a esse consagrado jogador de futebol. Foi um relacionamento tumultuado, no qual lutou contra traições, alcoolismo e perdas, que abalaram sua vida. Em um acidente de carro, dirigido por Garrincha, alcoolizado, perdeu sua mãe, fato que lhe provocou imensa dor e culpa.
Novamente Elza Soares precisou reinventar sua jornada de mulher preparada para o sofrimento. Com Garrincha, Elza teve apenas um filho, que nasceu em 9 de julho de 1976, e faleceu em 1986. Após o fim do casamento com Garrincha, em 1982, Elza teve outros relacionamentos, mas não voltou a casar-me.
Sua Discografia, de 1960 a 2018, é vasta. Começou com "Se acaso você chegasse" (Odeon, 1960). A partir daí não parou mais de cantar, até hoje. Foi amiga de Cazuza, gravando, em 2010, a faixa Brasil, no disco Tributo a Cazuza, produzido pelo saxofonista George Israel, da Banda Kid Abelha.
Em sua história, várias são suas conquistas e referências musicais de grande projeção. Em 2019, recebeu o título de doutora Honoris causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A partir de 2008, o longa-metragem "My name is Now, Elza Soares", realizado pela IT Filmes já rodou 18 Festivais, recebendo as melhores referências, em vista da originalidade e valores da vida e obra de nossa protagonista.
Elza consagra-se por elevar o samba, alegrar o povo, cantar o carnaval e suas alegorias, perenizar o amor, combater a violência doméstica, defender a mulher, o negro e as minorias, praticar o perdão e fortalecer o coração frente às lutas, à pobreza, à solidão e às paixões. Em uma de suas canções, Elza expressa:
— "A pele preta e a minha voz na Avenida deixei lá".
Elza pede com sua voz rouca em seu mais ardente e vibrante tom. – "Me deixem cantar até o fim" – (do Álbum A mulher do fim do mundo – 2015). Certamente, seu canto ecoará, sempre, mostrando que a vida é possível, pois, esta mulher cantou "a minha voz eu uso pra dizer o que se cala" (do Álbum oficial 2018 – Deus é mulher). E mais... "Pra que sujar o chão da própria sala? Nosso País é o nosso lugar de fala...".
Fonte:
Edital de emissão do selo, texto de Maria de Lourdes Torres de Almeida Fonseca
Escritora, Cadeira 35 da Academia de Letras e Música do Brasil - ALMUB.
Foto da capa: Site Hedflow
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