O tema "Carimbos do Império" busca na história da filatelia registros ainda anteriores ao uso do selo e passa pelo período em que a reforma postal de 1843 entrou em vigor.

Nessa homenagem aos amantes da História e da Marcofilia, reapresentamos um modelo de bloco inspirado nas antigas Folhinhas e alguns blocos emitidos nas décadas de 60 e 70, no século passado: o bloco sem picote.

Bloco 

A concepção da peça partiu de simular cartas da época, usando selos do Império e a marca de porte escrito à mão com destaque dos recursos de impressão, o verniz, e gráfico, as microletras.

Foram usadas técnicas de fotografia, fotomontagem e computação gráfica.

Carimbos de 1º dia de circulação
Informações técnicas do selo do signo de Leão
Edital nº 16/2019
Arte Daniel Effi/Correios
Processo de Impressão ofsete + verniz localizado
Papel Couchê gomado
Valor facial R$ 8,00
Tiragem 20.000 blocos
Área do desenho 70 x 100 mm
Dimensão do bloco 70 x 100 mm
Picotagem Não possui
Data de emissão 01/08/2019
Locais de lançamento Belo Horizonte-MG, Curitiba-PR e São Paulo-SP
Impressão Casa da Moeda do Brasil
Versão Departamento de varejo/Correios
Cód. de comercialização 852101180

Sobre os Carimbos do império

A função primordial dos carimbos postais desde os mais antigos sistemas de correio era a de identificar a origem das correspondências.

A certidão de nascimento do carimbo postal no Brasil foi o Art. 17º do Alvará de criação dos Correios Marítimos (1798), que determinava que "(...) as cartas serão marcadas com o nome da terra em cujo Correio forem lançadas (...).

Neste período inicial dos correios, além do carimbo de origem, as cartas traziam em sua face principal o valor relativo aos serviços postais, que era assinalado pelo administrador da agência de origem, e que deveria ser pago pelo destinatário no momento da entrega da correspondência.

Somente com a reforma postal de 1842 este sistema se modificou, passando o remetente a arcar com os custos relativos ao transporte da correspondência — princípio que se mantém na atualidade —, por meio do uso de um selo postal adesivo como comprovante do pagamento antecipado das taxas postais.

O novo sistema vigorou oficialmente a partir de 1º de agosto de 1843, com o lançamento da primeira série de selos postais brasileiros, os "Olhos de Boi".

A coleção de carimbos utilizados pelas diversas agências postais brasileiras ao longo do período imperial, pertencentes ao Museu Correios, pode ser considerada uma das principais referências sobre a história postal no Brasil, formada por cerca de 400 peças, dentre as quais três exemplares de carimbos que foram selecionados para compor a presente emissão.

O primeiro foi utilizado na agência postal da cidade do Desterro, então capital da Província de Santa Catarina, a partir do ano de 1823. A cidade teve seu nome modificado em 1894 para Florianópolis, em homenagem ao então Presidente da República, o marechal Floriano Peixoto.

Apelidado de "Marechal de Ferro", Floriano havia atuado com extrema força para reprimir a Revolução Federalista que ocorrera na cidade do Desterro, determinando o fuzilamento de alguns dos principais revoltosos.

Este é um dos mais antigos exemplares da coleção, utilizado ainda no período conhecido por "pré-filatélico", ou seja, aquele anterior a entrada em vigor da reforma postal que alterou o sistema de cobrança das cartas (1843).

O segundo exemplar faz parte do conjunto dos carimbos conhecidos pelos filatelistas como "mudos", pois que não apresentam informação sobre a agência de origem ou mesmo a data de expedição.

Apesar de comuns em diversas administrações postais pelo mundo, os carimbos "mudos" utilizados pelos Correios no Brasil ao longo do período imperial formam um relevante conjunto, sendo conhecidos atualmente mais de 1.000 diferentes exemplares.

Em grande parte, as agências postais usavam modelos de fabricação artesanal, provavelmente pelo fato de que a distribuição de carimbos por todas as agências do país fosse tarefa bastante custosa.

Segundo tradição entre colecionadores de selos e estudiosos da história postal brasileira, tais carimbos eram feitos de madeira ou de cortiça, que nada mais eram que rolhas de garrafas de vinho reaproveitadas. Entretanto, o exemplar da coleção do Museu Correios é feito de bronze, sem identificação do fabricante.

O terceiro reporta ao período em que o Correio no Brasil buscou como referência o modelo da administração postal do Reino Unido, no início da década de 1840. O carimbo selecionado foi encomendado à fabricante inglesa "D. C. Birri", de Londres, cujo modelo era normalmente empregado nas administrações britânicas.

A peça apresenta uma curiosidade, que a destaca das demais do conjunto, pois que é composta de duas partes; à esquerda, carimbo circular com a indicação da data e da agência de origem (Rio de Janeiro), e à direita a parte destinada à obliteração/inutilização do selo.

Muitos outros exemplares da coleção de carimbos postais do Museu Correios poderiam ser aqui destacados, tendo em vista a abrangência do acervo. Para os filatelistas, trata-se de uma fonte inesgotável de informação, especialmente aos dedicados à marcofilia.

Aqui vale lembrar um trecho do artigo pioneiro escrito pelo pesquisador e filatelista José Kloke em 1929, no Boletim da Sociedade Filatélica Paulista, intitulado "A utilidade dos estudos dos carimbos":

"O carimbo é capaz de nos fornecer, às vezes, preciosos esclarecimentos nos estudos dos selos – e resolver questões, cuja solução de outra maneira seria impossível".

Fonte:
Edital de emissão do bloco, texto de Cícero Antônio Fonseca de Almeida: Museólogo, Mestre em Memória Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO, e doutorando em História, Política e Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas. Professor do Departamento de Estudos e Processos Museológicos da UNIRIO e do MBA em Gestão de Museus da Associação Brasileira de Gestão Cultural/Universidade Cândido Mendes. Autor dos livros "Carimbos Postais/Século XIX. Um estudo da coleção de matrizes do Museu Postal e Telegráfico" (1989) e "Selos Postais do Brasil" (2003).

Imagem da capa:
Fold cover préfilatélico de Desterro datado de 1830, à venda pela RSS.Colecionismo no Mercado Livre, neste link.

Onde comprar

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