As qualidades excepcionais dos metais preciosos, fizeram deles a substância monetária por excelência. A circulação fiduciária, agora dominante no mundo, só é possível tendo por base o ouro ou a prata, que são hipotecas da nota.

Quase inalteráveis, extremamente divisíveis, homogêneos, reunindo em pequeno volume grande valor e fáceis, portanto, de transportar, servem melhor do que qualquer outra mercadoria para os usos monetários. No espaço e no tempo, são sempre iguais.

Tem o ouro o privilégio de ser universalmente recebido, dando assim aos outros a aparência ilusória de não mudar de valor. O mesmo pedaço de ouro atravessa os séculos e é hoje o mesmo que era no tempo dos faraós.

Não se distingue o ouro da Califórnia do australiano, nem faz diferença o metal precioso de uma peça merovíngia, do que se está extraindo todos os dias do Rand [1].

Deste modo as flutuações do seu valor mercantil são realmente menores do que as de qualquer outro material.

Não se consumindo senão numa pequena parte, depois de produzidos, resulta que a sua produção anual é sempre diminuta relativamente ao estoque existente, o que põe os metais preciosos ao abrigo de muitas causas da flutuação de valor, não influindo neles, tanto como nos cereais, a escassez ou a abundância das colheitas.

Todas estas circunstâncias dão aos metais preciosos uma espécie de eternidade e aos seus possuidores a garantia de terem sempre um valor, quer seja moeda, quer não.

É cara a circulação metálica pelas quantidades de ouro ou prata, a que obriga, e pela riqueza imobilizada que pressupõe, sendo por isso mais econômica a circulação dos objetos usuais.

Além disso, está a circunstância do seu valor dependente de uma descoberta geográfica ou científica, acontecendo também serem os metais preciosos de tal sensibilidade, que fogem ao primeiro alarma econômico ou político, escondendo-se e agravando as crises com a sua evasão e desaparecimento.

É certo isso tudo. São os defeitos da sua qualidade preciosa, mas esta terá sempre o predomínio sobre todas as outras mercadorias para a função monetária. Tem por isso um lugar interessante na evolução da moeda, a história dos metais preciosos nas suas relações com a circulação [2].

Do confronto dos textos e do exame dos exemplares numismáticos, se deduz que a moeda, no sentido completo da palavra, teria feito a sua aparição nos grandes centros comerciais banhados pelo mar Egeu durante o sétimo século antes de nossa era.

Geograficamente e cronologicamente, é isto o que parece apurado, tendo-se realizado nessa região e nesse século a passagem da antiga forma de moeda metálica, já de peso exato, mas ainda sem marca oficial, para a moeda propriamente dita.

As primeiras moedas foram de ouro e prata de feitio incômodo e defeituoso. A execução esmerada às vezes em objetos de arte, foi durante muito tempo deficiente e desajeitada nas moedas.

Este artigo é dedicado ao estudo da produção dos metais preciosos na antiguidade e nos séculos médios, até aos tempos modernos.

As moedas, como as medalhas, podem ser compostas dos mais variados metais; assim, além de serem feitas em ouro, prata, cobre e níquel, foram feitas também em platina, ferro, chumbo, zinco, estanho, alumínio e de uma quantidade de ligas diversas, tais como: electrum, bronze, bilhão, potin, etc.

Assim, os metais preciosos da antiguidade, utilizados como matéria prima das moedas foram:

1. Ouro

Pepita de ouro de Kalgoorlie, da parte ocidental da Austrália, pesando 15,34 gramas - Fonte: Gold Rush Nuggets

A fome do ouro há milênios persegue o homem. Desde a Idade do Bronze, o ouro serviu-lhe sempre de ornamento favorito. Encontramos ouro nos monumentos do Egito erigidos a 2.900 anos antes de Cristo. As múmias reais eram depositadas em sarcófagos tríplices e todos de ouro maciço.

Na Bíblia abundam narrativas sobre o ouro e o seu uso. No "Êxodo" por exemplo, descreve-se a fuga do Egito para escapar à perseguição e ao roubo. "E eles vieram, homens e mulheres e despojando-se de seus braceletes e brincos, anéis e tabletes, de todas as suas joias de ouro, fizeram uma oferenda ao Senhor". Todo esse ouro foi ornar o Tabernáculo! [3].

No Templo de Salomão o ouro foi usado em profusão. Todas as lâmpadas e cálices eram do mais puro ouro, como de ouro foi o trono real e o que serviu para transportar a rainha de Sabá [4], assim como os escudos dos guardas que protegiam o grande rei.

Enquanto o ouro foi usado simplesmente como adorno pessoal, influiu apenas no destino dos que o possuíam e já no Egito a vaidade feminina se exteriorizava nos colares de pérolas e ouro de Gerze (cidade turca do distrito de Sinop, na região do Mar Negro), quando sabemos que eles datam de 4200 e 3200 anos antes de Cristo.

É interessante notar que os reis asiáticos recorriam aos faraós, que nessa época eram os banqueiros do mundo, até para os empréstimos à realeza, porque, segundo velhos documentos "no Egito havia ouro em pó".

Eurípedes, o célebre poeta trágico da Grécia, dizia:

"Sobre o homem, o ouro tem mais poder do que dez mil razões".

Com ele, o homem entretém sua ânsia de descobrimentos e de conquistas. Pelo mesmo motivo, o ouro tem sido sempre a causa principal de todas as guerras.

Para perseguir o ouro e o poder que ele concede, segundo a História Universal, Alexandre-o-Grande iniciou suas famosas campanhas. Foi o ouro a causa das primeiras transformações do mapa da Europa com as guerras púnicas e também as campanhas de Mário, Pompeu e Júlio César.

Ao cruzar o Atlântico com suas naus, Colombo obedeceu à ânsia eterna do ouro. Atrás deles outros procuraram as terras jovens em incessantes explorações, mascaradas com o massacre dos astecas e o arrasamento do Império dos incas.

Quando Pizarro conquistou este Império, ficou deslumbrado ao verificar que os pratos, as armas, as joias, as miniaturas dos lhamas, dos pássaros, etc., eram de ouro puríssimo.

De ouro eram também todos os objetos oferecidos em grandes cestos por Ataualpa, o grande rei inca aprisionado pelo conquistador, que oferecia todo este ouro em troca da liberdade.

E sempre voltavam as naus carregadas de ouro dos Templos!

Mas, foi apenas a 2600 anos, menos da metade do tempo que nos separa dos grandes surtos de civilização na índia, no Egito, na Fenícia e na Grécia, que se fizeram as primeiras moedas utilizando as areias auríferas do rio Pactolo.

Foi isso na Lídia. Eram de ouro bruto com uma pequena liga de prata e em pouco, o gênio artístico que sempre caracterizou a Hélade, se manifestava nessa indústria, rivalizando cada cidade em cunhar os mais formosos discos de ouro.

Como a religião e o amor da família o ouro em forma de moeda é a principal força da civilização.

Na sua mensagem no Lincoln Day, de 13 de fevereiro de 1933, o então presidente Hoover, dos Estados Unidos, dizia:

"O ouro é o mais aceitável, prático e honesto veículo para o comércio internacional".

As fabulosas jazidas auríferas do Brasil formam um capítulo sem igual na história econômica da humanidade. Foi tanto o ouro extraído de suas minas e enviado para o Velho Mundo, que chegou a alterar perigosamente a balança dos preços e cotações da Europa.

As jazidas patenteavam-se à exploração: "afirma-se que enquanto o mundo durar, não se poderão extinguir", dizia o governador D. Rodrigo da Costa, em documento datado de 19 de junho de 1706.

Portugal, podemos dizer, nadava em ouro e de tal forma que, em 1747, decidia trocar seu padrão monetário da prata para o ouro, cunhando todas as suas moedas nesse metal. Pouco depois, a Inglaterra e outras nações seguiam o seu exemplo.

"Se em fins do século XVII a Bahia tem a primeira Casa da Moeda, em começos do mesmo século instala-se em São Paulo, a primeira Casa de Fundição do Ouro, na rua da Fundição, hoje Floriano Peixoto.

Todo o metal extraído para poder entrar no mercado ia ser fundido em barras com as marcas reais. Transportado para aqui, o ouro em pó vinha das Minas Gerais, de Cuiabá e de Goiás, para ser quintado. E essas barras de ouro podiam então entrar no comércio.

Mas, já pelos anos de 1655, minerava-se em Iguape, Cananéia, Apiaí e Sorocaba. A Câmara de Iguape funda ali uma Casa de Fundição do Ouro, cujo funcionamento está documentado pelas Atas de 1688.

E desde os fins do século XVI, havia em São Paulo e São Vicente, homens especializados no conhecimento e trato dos metais; ferreiro, para fazer os instrumentos; ensaiador, para ensaiar o ouro e fundidor, para fundi-lo.

Muito embora São Paulo não fosse considerado grande centro produtor do ouro, em vários pontos do Estado ainda se extrai o metal precioso. Assim, na mina de Araçariguama, nas proximidades de São Roque, próximo à Capital, ainda se fazia até há poucos anos, a exploração mineira.

E o ciclo do ouro iniciado pelos paulistas nas cercanias de São Paulo, dilatou-se pelo território das Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, onde os Bandeirantes fundaram cidades nas regiões auríferas [4].

Longe de diminuir, aumenta sempre a produção do ouro em todo o mundo. Eis porque, não duvidamos de que o poder do ouro seja eterno, como eterna a ânsia do homem em obtê-lo.

O ouro foi o primeiro metal conhecido pelo homem, servindo como instrumento de troca desde a mais alta Antiguidade sob várias formas: grãos, pó, pepitas, palhetas e depois fundido em barras.

O ouro, no estado natural, existe muito espalhado pela terra, mas em pequena quantidade. O minério de ouro mais importante e quase o único lavrado, é o ouro nativo puro ou com pequenas quantidades de prata, cobre e algumas vezes ferro ou bismuto.

Foi empregado pela primeira vez na moedagem dos reis da Lídia. Na Antiguidade foram cunhadas moedas de ouro puro. Assim eram os "dáricos", moeda persa do tempo de Dario (550-485 a. C.), de 8,42 grs.

Os "áureos", moeda portuguesa cunhada por D. Sancho I e também por D. Fernando III, de Castela; os "solidus", moedas romanas de Júlio César; os "bizâncios" portugueses e de Constantinopla e a moeda florentina denominada "fiorim" hoje florim e cujo nome deriva das flores de lis (fiori) que ornamentavam as primeiras moedas dessa cidade toscana, centro artístico e intelectual daquela época.

O ouro e a prata, sendo metais extremamente moles para a confecção das moedas ou outros objetos de uso constante, são na prática adicionados a outros metais de menor valor, metais estes que tornam o ouro e a prata mais duros e resistentes.

A esta composição de dois ou mais metais diferentes, é que se denomina liga. A cor das ligas depende naturalmente dos componentes. O ouro duro é amarelo, um pouco avermelhado, mas reduzido a lâminas finíssimas e visto por transparência, é de cor verde.

2. Prata

Cristal de prata pura (>99,95%) com massa aproximada de 11 gramas. A forma de estrutura dendríticas foi obtida por técnica de sintetização eletrolítica - Fonte: Wikipedia

Desde a mais remota Antiguidade a prata é conhecida pelos homens e por eles altamente apreciada. Ela foi o estalão monetário dos gregos e romanos, vindo até a Idade Média dentro desse sistema, tendo sido empregado em barras nas primitivas trocas dos antigos povos, com especialidade entre os assírios e os caldeus. Foi usada na Coréia, em forma de botelhas.

O peso foi a base de toda a cunhagem antiga. Por exemplo, a unidade do dinheiro na Grã-Bretanha, no tempo dos saxões, era a libra de prata. Mas não era cômodo pesar o metal para fazer o pagamento em cada transação que se realizasse e na qual ele representava o padrão de troca ou moeda.

Por essa razão é que se desenvolveu a prática de cortar o metal em pedacinhos e em cada um destes marcar o peso respectivo; sabia-se assim, quanto pesavam os pedaços oferecidos por determinada mercadoria.

Logo se compreendeu que a forma de disco era a melhor que podiam tomar esses pedaços de prata, por ser mais fácil marcá-los e conduzi-los e para que inspirasse confiança, tornou-se monopólio dos governos que assim garantiam não só o peso, mas também a pureza do metal.

Esta garantia era necessária porque os veios subterrâneos de que a prata é extraída habitualmente, contém cobre ou chumbo de mistura com o metal precioso; assim, é preciso separá-los da prata, porque esses metais estranhos podem estar presentes em quantidade considerável num objeto de prata, sem modifica-lo de modo notável o aspecto, o que pode enganar as pessoas menos prudentes.

Durante a Idade Média as corporações profissionais tinham o poder necessário para proteger a qualidade das obras de prata e os culpados pela venda do metal de composição adulterada eram punidos rigorosamente pela lei.

A prata fez seu aparecimento como moeda na ilha de Egina. Os romanos, já senhores da Ibéria, começaram a aproveitar a prata como metal intermediário para a cunhagem de suas moedas, cujos primeiros exemplares apareciam em Roma no século II antes de Cristo. Este uso se espalhou cada vez mais, chegando ao apogeu na Idade Média.

No início do século XVI, as guerras incessantes e a consequente miséria, tinham criado em toda a Europa, principalmente no centro e norte do continente, um estado de desconfiança. Os que não tinham ficado arruinados, guardavam o seu ouro, esperançosos de melhores dias, daí resultando uma carência de moedas.

Foi quando em 1516 o conde Schilick, grande proprietário na Boêmia, descobriu em suas terras, no lugar conhecido pelo Vale de São Joaquim (Joachimstal), uma jazida de prata. Imediatamente o governo da Boêmia começou a aproveitar essa prata na cunhagem de moedas e para recordar sua origem, mandou gravar numa das faces a imagem de São Joaquim. Essas moedas foram chamadas a princípio Joachimstaler e depois simplesmente taler.

Passando da Boêmia à Alemanha, daí à Holanda e finalmente à Inglaterra, o taler foi parar aos Estados Unidos, mas agora com o nome modificado para dólar.

E durante os séculos XVI e XVII o taler foi a mais abundante moeda internacional da Europa, tendo com única rival a peça de 8 espanhola, também de prata, assim chamada porque valia 8 reales.

Quem de nós desconhece a história da Vila Imperial de Potosí e da sua célebre Casa de Moeda? Das suas fabulosas minas de prata descobertas em 1546 e que durante muito tempo foram as minas mais ricas do mundo? Não houve na América, no século XVI, por certo, lugar que se transformasse mais rapidamente.

Quando os índios já eram insuficientes para os trabalhos de engenho e das minas, de todo Peru chegavam aventureiros, velhos conquistadores, que sonhavam arrancar de seu cerro grandes tesouros. Por toda a parte havia uma ânsia exaltada de fazer riqueza.

Os mineiros improvisados olhavam o cerro de longe e homens havia que não sabiam onde guardar suas barras de prata. A história de Potosí e de suas imensas minas de prata, talvez não tenha sido escrita como merece, tão rica se apresenta.

A prata possui condições de durabilidade inalterável, comparável à do ouro, sendo, porém, menos rija e mais abundante. Somente a raridade do ouro fez com que a prata fosse durante vários séculos, a moeda corrente em todo o mundo.

A prata pura é branco-amarelada (por causa de seu grande poder refletor parece branca); entretanto, finamente dividida, como no caso de seu cloreto reduzido, a cor é cinza claro.

Nos tempos modernos a prata, excetuando-se poucos países que a adotaram como padrão para as suas moedas, tem servido de moeda divisionária, já agora substituída nessas funções por ligas inferiores de cobre, níquel ou bronze-alumínio.

3. Bronze

Bronze Aes Rude italiano do 5º ou 4º século a.C. - Fonte: Wikipedia

A palavra bronze só se tornou corrente no século XVII. A sua etimologia mais aceitável é a palavra latina Brunduzium (bronze de Brindes ou Brindisi), liga de que fala Plínio e que os gregos chamavam de brontesion. Do mesmo modo que o cobre tirou seu nome da ilha de Chipre, onde eram célebres as minas deste metal, o bronze tiraria seu nome de Brindes, onde se fabricava a sua melhor liga.

O uso do bronze antecedeu o do ferro. Entre os gregos do tempo de Homero, as armas e os instrumentos agrícolas eram ainda em bronze; suas primeiras moedas foram igualmente fabricadas com este metal.

Entre os romanos o bronze assume uma importância monumental, religiosa e artística; é no bronze que se gravam as leis e os tratados de paz e aliança; todos os instrumentos do culto, facas, machados e espátulas, são em bronze; são em bronze monumentos inteiros, os baixos relevos, estátuas e medalhas, grandes e pequenos bronzes.

O bronze foi também o estalão monetário dos romanos; nas peças monetárias, encontramo-lo nas grossas barras que chegaram até nós, designadas por aes rude e aes signatum.

Desde o século XV havia numerosas espécies de bronze, segundo se desejasse fundir sinos, estátuas, peças de artilharia e outros objetos. Em 1556 chamava-se bronze de Chipre, ao cobre nativo vindo dessa ilha ou da América do Sul.

O bronze é uma liga de cobre, estanho e zinco, mais rija e mais fusível que o cobre, tendo sido a primeira substância metálica usada na Europa em suas incipientes indústrias.

Atualmente é muito usado na cunhagem de medalhas e medalhões.

4. Cobre

Estrutura nativa de cobre, medindo aproximadamente 4 centímetros - Fonte: Wikipedia

Parece certo que o primeiro metal utilizado como moeda na Europa foi o cobre da primeira jazida regularmente explorada na ilha de Chipre, nome que após várias modificações acabou por ser copper em inglês e cobre em nosso idioma.

É conhecido desde os mais remotos tempos. A princípio, esse metal correu o mercado em forma de potes, panelas e ânforas. Podia não ser muito cômodo para o transporte, mas tinha a vantagem sobre o gado, então moeda, que precisava comer e beber.

Depois, quando o povo se habituou a ideia de que o valor estava no metal e não na forma que lhe era dada pelos artífices, começaram a circular para os pequenos negócios blocos pequenos de cobre, do peso de um óbolo, nome que significava "pequena quantia".

Em Tebas, no tempo de Osíris (?), foi usado como moeda, segundo velhas tradições egípcias. Os fenícios fizeram suas moedas de cobre, aí pelo ano 460 a. C.

No Egito serviam-se de grossos pedaços de cobre à guisa de moedas, cuja liga era muito variável.

Os etruscos e todos os outros povos da Itália adotaram logo esse gênero de moeda. Os cartagineses só o fizeram quando descobriram jazidas de cobre na Espanha.

Nessa mesma ocasião e na mesma península, encontraram também minas de prata que chamaram cobre branco e baço, desdenhando-o, porque não tinha a resistência e o fulgor do verdadeiro cobre.

Os romanos quando adotaram a moeda de cobre, estabeleceram o asse como unidade; era um bloco pesando 12 onças (uncial).

Com o correr do tempo, o descobrimento de novas jazidas em todas as terras e ilhas do Mediterrâneo, trouxe cobre em tamanha quantidade de Corinto, Roma, Cartago, Cádiz e Marselha, que esse metal se desvalorizou, estabelecendo-se uma diferença demasiadamente grande entre as moedas de ouro e as de cobre.

A extração do cobre e seus minérios era uma operação tão delicada, que evidentemente estava fora do alcance do homem da época do bronze. O cobre era empregado no estado de liga, fundindo-se o minério de cobre oxidado ou sulfurado, com minério de estanho, igualmente conhecido na Antiguidade e só depois de muitas centenas de anos, o homem conseguiu o cobre puro.

O cobre é a base das moedas de bilhão e entra na proporção de 1/10 nas moedas de ouro e de prata; unido a outros metais, além do bronze, forma o latão ou cobre amarelo e muitas outras ligas de grande utilidade, que se costumam empregar no fabrico de moedas, medalhas e jetons.

O cobre é maleável, de cor vermelho-escuro. É hoje utilizado na cunhagem de moedas divisionárias de pequeno valor.

5. Latão ou cobre amarelo

Moeda Dupôndio de Marco Aurélio (161 - 180 D.C) com pátina escura - Fonte: Baldwin's Leilões

A expressão latina aurichalcum designa o latão, isto é, o latão que tem a cor do ouro. Era chamado também aes coronarium por serem fabricadas com essa liga para uso dos histriões, coroas que vistas de longe, pareciam ouro.

Foi usado pelos chineses como moedas e nos tempos modernos o latão é empregado no fabrico de medalhas devocionais ou verônicas. Antigamente foi também muito usado nos contos para contar dos portugueses e em pesos monetários ou em outras peças monetiformes.

O latão é uma liga formada por cobre e zinco (65 partes de cobre com 35 de zinco). É de cor amarela, semelhante à do ouro. É muito dúctil e pode ser laminado em folhas extremamente finas.

6. Bilhão

Moeda feita da liga bilhão - Fonte: Site Chemistry Learner

O bilhão é uma liga de cobre, estanho, chumbo e prata que, no decorrer do III século substituiu a prata. O título desta foi se alterando de tal maneira que no tempo de Diocleciano, a moeda de prata não representava mais do que uma folha de cobre com uma tênue camada de prata.

Esta expressão significa também de maneira geral, as ligas em que os metais preciosos entram em menor porção do que os metais inferiores; daí se deduz que toda a moeda de ouro e sobretudo de prata em que o cobre se encontra em uma proporção superior ao título legal — é uma moeda bilhão.

Há o alto bilhão que contém de 6 a 10/12 de prata pura e o baixo bilhão, que possui menos de 6/12 de prata.

7. Potin

Moeda indiana de Damasena, governante das Satrapas Ocidentais, feita de Potin, medindo 15 mm e pesando 1,51 gramas - Fonte: Ganga Numismatics

O potin, cujo nome se deriva de "pot" por serem com ele fabricados vasos, é igualmente uma liga de cobre em que entram o latão, chumbo e algum estanho.

Existem duas espécies de potin: o amarelo, mistura de latão (cobre e zinco) e um pouco de cobre vermelho e o potin cinzento feito com a lavadura da fabricação do latão, juntando-se chumbo e estanho e segundo outros autores, entrava também certa porção de prata.

8. Electrum

Electrum natural medindo aproximadamente 27mm - Fonte: Site Exceptional Minerals

Era uma liga natural em que entravam 75 partes de ouro e 27 de prata. Os gregos chamavam-no de "lencokrisos" por apresentar uma cor pálida.

O electron foi empregado na moedagem pelos reis da Lídia, 700 anos a. C. e igualmente usado na Jônia, em Cartago, nas Gálias e em muitas cidades gregas.

9. Platina

Cristais de platina pura formados por técnica de transporte de fase gasosa (tradução literal da técnica Gas Phase Transport, favor nos corrigir) - Fonte: Wikipedia

É o mais pesado e menos dilatável dos metais, não se prestando para liga. Este raríssimo metal foi usado na Rússia como moeda, de 1825 a 1846, bem como na Espanha, no século passado.

10. Ferro

Minério de ferro - Fonte: Site da Ausenco

Foi na Antiguidade meio de escambo, aparecendo em forma de utensílios de toda a sorte. Encontramo-lo na Coréia amoedado em "sapécas". Como moeda foi usado no V século a. C. em Esparta e Bizâncio; no IV século a. C. em Argos. Algumas vezes é usado em medalhões, existindo na medalhística brasileira um exemplar muito raro nesse metal: a medalha de D. Pedro I.

11. Níquel

Minério de Níquel - Fonte: Nickel Institute

Foi usado na índia pela primeira vez no século III a. C.; voltou a ser empregado no século passado em todos os países, exceto a Inglaterra, e hoje é usado como moeda divisionária, puro, ou mais ou menos ligado ao cobre.

12. Estanho

Minério de estanho - Fonte: A Industry Reports

Existe amoedado entre os maláios e senegâmbios. Na moedagem da índia, quer portuguesa ou inglesa, aparecem moedas feitas de estanho, conhecidas por calain. Nos tempos modernos o estanho é empregado também no fabrico de algumas medalhas.

13. Chumbo

Chumbo em sua forma natural - Fonte: Norh East Health & Housing

Foi muito pouco usado em peças monetárias. Diz-se que os reis da Numídia cunharam nesse metal; também na Gália, chumbos monetiformes com a figura de Mercúrio e as legendas alisien (um), perte (nsium), mediol (onensium) cunhados em Alise, em Perthas, em Milão. Nas Gálias parecem ter sido moeda oficial.

Na Idade Média cunharam-se muitas medalhas nesse metal.

14. Zinco

Minério de Zinco Nigeriano - Fonte: Startup Tips Daily

Figura com mais frequência em moedas denominadas "particulares" como as de Morro Velho e igualmente no fabrico de medalhas.

15. Alumínio

Minério de Bauxita, uma mistura natural de óxidos de alumínio - Foto de Calvin J Hamilton (2013)

De uso mais moderno, é utilizado em medalhas religiosas com especialidade.

Foi moeda obsidional da Alemanha e Áustria, no período da Grande Guerra em 1917 e 1918.

Ultimamente, ligado ao cobre, forma o denominado bronze de alumínio, usado profusamente em moedas divisionárias de quase todos os países.

16. Outros materiais

Mas, além dos metais, o vidro, a porcelana e o barro cosido, a madeira e o ouro, serviram de moeda e mais comumente o papel moeda, que não vale por si, mas que representa uma promessa de pagamento em moeda metálica.

Notas

[1] Mina subterrânea para extração de ouro, localizada na África do Sul, explorada de 1896 a 2008.

[2] Anselmo de Andrade, Evolução da moeda.

[3] Êxodo. Segundo livro do Velho Testamento, que contém a história da saída do Egito. O Êxodo, que vem depois do Gênesis, divide-se em três partes distintas.

A primeira (I, XII, 36) contém a narração dos acontecimentos que procederam a saída do Egito: a vocação de Moisés, a resistência de faraó e as pragas do Egito. A segunda (XII, 37, XVIII) conta os prodígios que acompanharam o êxodo e o começo da viagem dos israelitas pelo deserto.

A terceira (XIX-XL) descreve a promulgação da lei sobre o Sinai, a adoração do velo de ouro e a construção do tabernáculo. Escrito num hebreu muito antigo, este livro foi sempre tido como obra de Moisés, quer pela tradição Judaica, quer pela tradição cristã.

As críticas racionalistas, pelo contrário, concluíram, como para todo o Pentateuco, em ver nele apenas a consignação de tradições orais conservadas pelos sacerdotes israelitas.

[4] Também conhecida como Makeda pelo povo etíope, Balkis ou Bilkis na tradição islâmica e Nicaula, como foi chamada por Flávio Josefo.

[5] Tito Lívio Ferreira, História de São Paulo.