O real tem duas famílias de notas, ambas igualmente válidas. A primeira família do real foi lançada em 1994, ao substituir o cruzeiro real. A segunda família, lançada em 2010, representando a evolução do real, sendo criada para agregar elementos gráficos e elementos antifalsificação mais modernos.
As cédulas são caracterizadas por exibir a efígie da República de um lado e animais da fauna nacional de outro.
A escolha por animais presentes na fauna brasileira tinha o objetivo de promover a proteção da fauna e da flora brasileiras, além da preservação do meio ambiente.
Em 2001, o real passou a ter também cédulas de R$2 e de R$20, que entraram em circulação para facilitar o troco e simplificar transações. A escolha dos animais a estamparem os reversos das cédulas foi feita pelo público, por meio de uma pesquisa.
A tartaruga marinha, que figura na cédula de R$2 e o mico-leão-dourado, que ilustra a cédula de R$20, foram as primeiras colocadas na enquete. As outras opções eram o lobo guará, o tamanduá-bandeira e o jacaré-de-papo-amarelo, todos animais da fauna brasileira que correm risco de extinção.
Beija-flor-de-peito-azul (Amazilia lactea)
Espécie de pequeno porte, com cerca de 9,5 cm de comprimento, sendo uma das menores que existem. Apresentam uma plumagem de cor azul-violeta na garganta e peito e, a região lateral do pescoço e barriga é verde azulada.
Encontrada no Brasil, do Amazonas à Bahia e Minas Gerais, em áreas urbanas arborizadas. Assim como todos os beija-flores, ele tem o importante papel na polinização das flores.
Tímido, agitado, agressivo, muitas vezes disputa território com outras espécies de beija-flor, constrói seu ninho em galhos de pouca altura, sendo difícil sua observação por ser camuflado e tendo a capacidade de abrigar dois ovos.
Ele frequentemente é encontrado tomando água açucarada em bebedouros com aparência de flores e, atualmente, não se encontra ameaçado de extinção.
As cédulas de 1 Real pararam de circular em 2005, se tornando uma cédula de grande valor histórico.
Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata)
Esta espécie recebeu seu nome popular porque seu casco era usado para a confecção de pentes e outros utensílios.
É encontrada nos mares tropicais e por vezes subtropicais dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico e seu habitat são os recifes de coral e águas costeiras rasas, onde é encontrada em águas profundas ocasionalmente.
Possui uma cabeça e bico estreitos, que lhe permitem buscar alimento nos recifes de coral, alimenta-se principalmente de esponjas, anêmonas, lulas e camarões.
Desova geralmente no verão, podendo ocorrer uma ou duas desovas por estação, onde são postos de 73 a 189 por vez. O período de incubação é de 47 a 75 dias.
Infelizmente, está criticamente ameaçada de extinção devido à caça indiscriminada.
Garça-branca-grande (Casmerodius albus)
A Garça Branca grande é encontrada no Brasil, no Pantanal, costas do sudeste, nordeste e norte do país. Seu habitat são rios, lagos e banhados.
É uma ave migratória, vivendo em pequenos grupos, alimentando-se principalmente de peixes e animais aquáticos, comendo também insetos, répteis e até mesmo lixo e, às vezes, ataca cobras e pequenos mamíferos.
Na época da reprodução, formam-se penas especiais chamadas egretas em seu dorso, que são utilizadas principalmente pelos machos para se exibirem para as fêmeas.
Há muito tempo, as egretas eram utilizadas para a confecção de chapéus para mulheres. Felizmente, hoje em dia, essa prática foi abandonada e a população dessa garça permanece estável. Seu ninho é grande e construído com gravetos.
Arara-vermelha-grande (Ara chloropterus)
Esta ave está presente na região Norte, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Mede cerca de 90 cm contando com a cauda, e possui a maior parte do corpo coberta por penas vermelhas, de onde surge seu nome.
Possui a ponta da cauda azul e suas asas possuem camadas de vermelho, verde e azul. Como a maioria das aves, são animais monogâmicos (permanecem em casais), e gostam de copas de árvores.
É uma espécie muito visada pelo tráfico ilegal de vida silvestre e, por mais que não estejam mais ameaçadas de extinção, acredita-se que não existam mais populações desses animais no Espírito Santo e no Paraná, como resultado de ação humana.
Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia)
O mico-leão dourado é encontrado nos poucos remanescentes da Mata Atlântica do Brasil e alimenta-se de frutas, insetos, caracóis, lagartos, filhotes de aves, ovos e resina de árvores.
É um primata diurno e territorial que vive em pequenos grupos de 2 a 11 indivíduos, onde o grupo é constituído por um casal dominante que se reproduz duas vezes ao ano, gerando dois filhotes por vez e vivendo juntos durante uma vida inteira, enquanto os outros são de diferentes idades.
O mico-leão-dourado foi considerado praticamente extinto durante a década de 60, o que levou à criação, em 1974, da Reserva Biológica de Poço das Antas (RJ) para preservar o hábitat natural.
Desde então, uma população, que oscilava de 60 a 400 indivíduos, agora possui mais de 2500. Desde então, o mico-leão-dourado se tornou o maior símbolo de preservação de fauna no nosso país.
Onça-pintada (Panthera onca)
É o maior mamífero felino do continente americano, e encontra-se na Amazônia, Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica. Seu corpo é muito robusto e possui a característica pelagem amarelo-dourado com pintas pretas.
Sua mordida é considerada a mais forte entre todos os felinos do mundo, e sua dieta varia desde rãs, capivaras, antas, tatus, veados e até mesmo jacarés. São animais solitários, e machos e fêmeas se encontram apenas no período reprodutivo.
É uma espécie quase ameaçada de extinção, e o desmatamento e a caça ilegal nos locais onde vivem tem afetado suas populações de forma crescente.
Em abril de 2019, um macho de onça-pintada foi avistado no Jardim Botânico da UFJF, e por um longo período o local ficou fechado para que o animal fosse capturado em segurança e trasladado a um local mais seguro, onde teria mais condições de se reproduzir e caçar.
Não havia registro oficial desse animal na Zona da Mata mineira por pelo menos 80 anos, mas ainda existem questionamentos sobre o porquê do aparecimento tão repentino da onça.
Garoupa (Epinephelus marginatus)
Peixe encontrado em todo o litoral brasileiro, em águas profundas. Possui lábios proeminentes e nadadeira caudal convexa, e sua cor pode variar desde verde azulado enquanto juvenil, até marrom-escuro com pontos amarelos quando adulto. Sua dieta consiste principalmente de crustáceos, moluscos e pequenos peixes. São solitários e esquivos, vivendo principalmente em fundos rochosos.
São espécies hermafroditas sequenciais, ou seja, ocorre mudança de sexo ao longo da vida: atingem a maturidade sexual aos 5 anos como fêmeas, e aos 10 anos tornam-se machos, podendo viver até 50 anos.
A garoupa é muito usada na alimentação no Brasil e pode trazer inúmeros benefícios a saúde, atuando na formação de glóbulos vermelhos e no bom funcionamento do sistema neurológico. No entanto, a caça intensa e indiscriminada pode prejudicar a espécie.
Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)
A nova cédula, anunciada pelo Banco Central, tem estampada em seu verso o lobo-guará. É o maior canídeo da América Latina e é encontrado principalmente no Cerrado.
Possui uma coloração vermelho-dourada, orelhas grandes e eretas, focinho grande e membros longos de cor escura. Comem desde pequenos mamíferos, aves e insetos até frutas, principalmente a “fruta-do-lobo” (Solanum lycocarpum). São territorialistas e raramente andam juntos, exceto durante o período reprodutivo.
O lobo-guará está vulnerável à extinção e atividades como desmatamento, caça ilegal e atropelamentos causam uma diminuição do número de indivíduos na natureza.
Existe em MG um local chamado Santuário do Caraça, conhecido pelas constantes visitas dos lobos à procura de carne. Quando ocorre a oferta de alimento pelos padres do local, o momento de espera é usado para compartilhar informações sobre esse animal (a “hora do lobo”).
Este é um exemplo de como a educação ambiental pode ajudar na preservação da nossa fauna.
Referências bibliográficas:
- https://www.bcb.gov.br/
- https://collectgram.com/blog/cedula-de-2-reais-segunda-familia-tudo-sobre/
- https://www.nativealimentos.com.br/sustentabilidade/biodiversidade/animais/aves/beija-flor-de-peito-azul/122
- https://ambientes.ambientebrasil.com.br/fauna/aves/beija-flor-de-peito-azul_amazilia_lactea.html
- http://zoologicovirtualdokoba.blogspot.com/search?q=tartaruga+de+pente
- https://blog.abac.org.br/educacao-financeira/conheca-como-foram-criadas-as-cedulas-do-real
- https://www.ufjf.br/zoologiaitinerante/2020/08/06/biodiversidade-nas-cedulas-do-real/