A numismática é um hobby fascinante e muitas pessoas aventuram por suas várias áreas e iniciam coleções porque as moedas antigas contam a história de uma nação e da evolução da humanidade ao longo dos tempos.

No Brasil, as moedas de réis foram utilizadas como meio de pagamento desde o período colonial até o início da década de 1940, quando foram substituídas pelo cruzeiro, e despertam a curiosidade de colecionadores iniciantes, porque são moedas mais antigas, com design diferentes e que parecem ser raras.

No entanto, nem todas as moedas antigas são raras ou valiosas e nessa afirmação incluímos as moedas de réis. Algumas moedas foram emitidas em grande quantidade e por este motivo são consideradas comuns.

Isso não significa que essas moedas não tenham valor, especialmente para colecionadores que procuram completar suas coleções ou possuem interesse em estudar a história das moedas brasileiras.

Neste artigo, vamos explorar as 10 tipos moedas de réis mais comuns, de acordo com a quantidade emitida, e explicar por que elas são tão comuns. Também vamos destacar que, mesmo sendo comuns, essas moedas podem ter valor para os colecionadores, especialmente se estiverem em perfeito estado de conservação. Vamos começar?

1. 100, 200 e 400 réis de 1901 (MCMI)

Moeda de 100 réis de 1901 - Imagem: cortesia da NGC

Na primeira posição das moedas de réis mais comuns estão as moedas de 100, 200 e 400 réis emitidas em 1901, período brasileiro conhecido como República Velha (1889 a 1930).

Nesta época, a moeda oficial era o réis e o país passava por várias mudanças em termos de política econômica e emissão de moedas.

Essas moedas foram produzidas em cuproníquel e apresentavam no centro do seu anverso uma figura feminina representando a República voltada para a direita, com um diadema no qual se lê a palavra LIBERT (parte da palavra Libertas). Acompanham toda a orla vinte e uma estrelas. Embaixo do busto, entre duas estrelas, as iniciais do gravador P.T. sobrepostas (Paulin Tesset).

No centro do reverso um pouco para a direita e para baixo, as Armas da República, tendo à esquerda um ramo de oliveira, e, por cima do escudo, o valor em duas linhas horizontais; na primeira o valor e na segunda a palavra RÉIS. Acompanha a orla a legenda REPUBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO e no exergo, entre dois pontos, a palavra BRASIL sustentando a data MCMI.

Essas moedas de 100, 200 e 400 réis de 1901 foram cunhadas nas seguintes quantidades:

Valor facial Ano Quantidade emitida
Valor médio (MBC)
100 réis 1901 (MCMI) 75.000.000 (75 milhões de unidades) R$ 4,00
200 réis 1901 (MCMI) 60.000.000 (60 milhões de unidades) R$ 4,00
400 réis 1901 (MCMI) 26.250.000 (26 milhões e 250 mil unidades) R$ 5,00

Um fato interessante dessas moedas é que foram cunhadas todas no exterior, nas casas da moeda de Hamburgo (Alemanha), Birmingham (Inglaterra), firma Ralph & Sons e as Casas das Moedas de Viena (Áustria), Paris (França) e Bruxelas (Bélgica).

Embora essas moedas sejam consideradas muito comuns entre os colecionadores, elas ainda possuem o valor histórico e cultural significativo e muitos colecionadores buscam adquiri-las em perfeito estado de conservação.

2. 500 réis de 1928, 1000 réis de 1924 e 1927 (Abundância)

Moeda de 1000 réis de 1924 - Imagem: cortesia da NGC

Em segundo lugar do ranking das moedas de réis mais comuns temos a moeda de 1000 réis de 1927, também emitida durante o período da República Velha.

No centro do anverso, uma figura feminina representando a Abundância voltada para a direita, apoiada com o joelho direito em flores que estão no exergo, e praticamente sentada sobre o calcanhar.

Sua perna esquerda está dobrada. A mão esquerda segura a boca de uma cornucópia e a mão direita está simplesmente apoiada sobre ela.

A cornucópia está com a boca virada para baixo deixando cair frutas e flores e o bico está apoiado no seu braço direito. No exergo, ao lado direito, está a sigla do gravador JV (João da Cruz Vargas).

A figura está circundada por um anel fino aberto no exergo. À direita, entre a figura e o anel, a constelação do Cruzeiro do Sul. Acompanham a orla vinte e uma estrelas, que representam os Estados do Brasil.

NO centro do reverso temos o valor em duas linhas paralelas horizontais: na primeira o valor e na segunda a palavra RÉIS. Acima do valor a estrela da União.

Começando embaixo da palavra réis, dois ramos subindo um de cada lado em sentido oblíquo e acompanhando a orla, à esquerda, de café com frutos, e à direita, de algodão com flores, atados com o Laço Nacional.

À esquerda, entre o início do ramo de café, a sigla do gravador JV (João da Cruz Vargas). Acima do valor uma estrela de cinco pontas bem no centro dos dois ramos. No alto, acompanhando a orla, a palavra BRASIL. No exergo, a data.

As moedas de 500 réis de 1928, 1000 réis de 1924 e 1000 réis de 1927 foram cunhadas nas seguintes quantidades:

Valor facial Ano Quantidade emitida
Valor médio (MBC)
500 réis 1928 9.432.000 (9 milhões e 432 mil unidades) R$ 4,00
1000 réis 1924 9.354.000 (9 milhões e 354 mil unidades) R$ 4,00
1000 réis 1927 35.817.000 (35 milhões e 817 mil unidades) R$ 5,00

3. 80 réis de 1828-R e 1829-R (cobre)

Moeda de 80 réis de 1828-R - Imagem: cortesia da NGC

Como estamos levando em consideração a quantidade de moedas emitidas para nossa análise, chegamos a uma terceira posição que mesmo tendo sido emitidas em grandes quantidades, não aparecem com facilidade no mercado (ver o tópico "Bônus: sobre exemplares sobreviventes" no final do artigo).

Essas moedas foram cunhadas em cobre no período do Império do Brasil tem as seguintes características:

No centro do anverso, dentro de uma grinalda de tulipas, o valor, que está entre quatro florões dispostos em cruz; dois maiores com quatro pétalas cada, sendo um acima e outro abaixo do valor.

Os outros dois, menores, com seis pétalas cada, estão ladeando o valor. Os quatro florões estão intercalados por quatro cruzetas. No exergo, também entre cruzetas, a data e a letra monetária.

A data é seguida de um ponto. Acompanha a orla a legenda PETRUS. I. D. G. CONST. IMP. ET PERP. BRAS. DEF., abreviação de Petrus I Dei Gratia Constitutionalis Imperator et Perpetus Brasiliae Defensor (Pedro I por graça de Deus Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil).

No centro do reverso temos as Armas do Brasil Império, estabelecida pelo Decreto de 18 de setembro de 1822, encimadas pela coroa imperial, tendo ao centro a esfera armilar atravessada pelos braços da Cruz da Ordem de Cristo.

Entre duas linhas, em círculos concêntricos, dezenove estrelas de cinco pontas representando as Províncias do Brasil. Sustentando o escudo e a coroa, dois ramos, um de café com frutos à esquerda, e outro de tabaco floreado à direita, atados com o Laço Nacional.

Acompanha a orla a legenda IN HOC SI GNO VINCES (Com este sinal vencerás) sendo cada palavra separada por uma cruzeta. Há também uma cruzeta no início e outra no final da legenda. A palavra SIGNO é interrompida por um espaço onde aparece a cruz da coroa imperial.

As moedas de cobre de 80 réis de 1828-R e 1829-R foram cunhadas pela Casa da Moeda do Rio de Janeiro nas seguintes quantidades:

Valor facial Ano Quantidade emitida
Valor médio (MBC)
80 réis 1828-R 26.524.033 (26 milhões, 524 mil e 33 unidades) R$ 35,00
80 réis 1829-R 20.180.494 (20 milhões, 180 mil e 494 unidades) R$ 35,00

Observação importante: é possível encontrar essas moedas com um carimbo de "40" estampado nelas. Esse carimbo é chamado de "carimbo geral de 40" pelos colecionadores. Moedas de 80 réis de 1828-R e 1829-R carimbadas valem menos que moedas não carimbadas.

4. 40 réis de 1824-R, 1826-R, 1827-R e 1828-R (cobre)

Moeda de 40 réis de 1824-R - Imagem: cortesia da NGC

Essas moedas são do mesmo tipo das moedas da 3ª posição e tem as mesmas características, diferenciando somente o valor facial e algumas datas.

As moedas de cobre de 40 réis de 1824-R, 1826-R, 1827-R e 1828-R foram cunhadas pela Casa da Moeda do Rio de Janeiro nas seguintes quantidades:

Valor facial Ano Quantidade emitida
Valor médio (MBC)
40 réis 1824-R 9.169.772 (9 milhões, 169 mil e 772 unidades) R$ 25,00
40 réis 1826-R 10.507.264 (10 milhões, 507 mil e 264 unidades) R$ 25,00
40 réis 1827-R 17.892.447 (17 milhões, 862 mil e 447 unidades) R$ 25,00
40 réis 1828-R 15.570.053 (15 milhões, 570 mil e 53 unidades) R$ 25,00

Observação importante: é possível encontrar essas moedas com um carimbo de "20" estampado nelas. Esse carimbo é chamado de "carimbo geral de 20" pelos colecionadores. Moedas de 40 réis de 1824-R, 1826-R, 1827-R e 1828-R carimbadas valem menos que moedas não carimbadas.

Leia o tópico "Bônus: sobre exemplares sobreviventes" no final do artigo para entender porque mesmo com tantas unidades emitidas não encontramos tão facilmente essas moedas.

5. 500 e 1000 réis de 1922

Moeda de 1000 réis de 1922 - Imagem: cortesia da NGC

Na quinta posição estão duas moedas que completaram 200 anos no ano de 2022. São as moedas de 500 réis e 1000 réis de 1922 comemorativas ao 1º centenário da Independência do Brasil.

Foram cunhadas na liga de bronze-alumínio (Cu 910, Al 90) como parte das comemorações do primeiro centenário da Independência do Brasil celebrado em 7 de setembro de 1822, com emissão regulada pelo Decreto nº 4.182, de 13 de novembro de 1920 e autorização de cunhagem pelo Decreto nº 4.555, de 10 de agosto de 1922.

As moedas de 500 e 1000 réis de 1922 tem as seguintes características:

No centro do anverso, os bustos conjugados de perfil para a esquerda do Imperador D. Pedro I e do Presidente da República Epitácio da Silva Pessoa. Na frente do busto do Imperador, as palavras D. PEDRO I.; atrás do busto do Presidente, as palavras EPITÁCIO PESSOA.

Contorna a orla a legenda ACCLAM. DA INDEPENDENCIA X PRESID. DA REPUBLICA. Separando as palavras Independencia e X, o Cruzeiro do Sul. No exergo, BRASIL em linha reta horizontal.

No centro do reverso temos uma tocha acesa cruzada por dois galhos com folhas em forma de X que tem acima, à esquerda, a coroa imperial, e, à direita, o barrete frígio. Os dois galhos e a tocha estão amarrados por um laço que envolve as hastes dos mesmos galhos.

Embaixo da coroa imperial, a data 1822, e embaixo do barrete frígio, a data 1922. Acima da tocha acesa 500 ou 1.000 RÉIS em linha curva. No alto, acompanha a orla a legenda 7 DE SETEMBRO. Também acompanha a orla, da metade da moeda para baixo, a legenda 1º CENTENARIO DA INDEPENDENCIA.

As moedas de 500 e 100 réis de 1922 foram cunhadas nas seguintes quantidades:

Valor facial Ano Quantidade emitida
Valor médio (MBC)
500 réis 1922 13.744.000 (13 milhões, 744 mil unidades) R$ 4,00
1000 réis 1922 16.698.000 (16 milhões, 698 mil unidades) R$ 4,00

Observação importante: você deve ficar atento é que uma pouca quantidade dessas moedas foram cunhadas com um erro: em algumas poucas moedas a palavra BRASIL está cunhada BBASIL, com B no lugar do R.

Mesmo essas moedas sendo muito comuns, esses poucos exemplares com erro são muito procurados por colecionadores.

6. 200 réis de 1940, 300 e 400 réis de 1938 (Getulhinho)

Moeda de 300 réis de 1938 - Imagem: Cortesia da Caravelas Coleções

Essas moedas foram cunhadas no período político denominado Estado Novo, ou Terceira República Brasileira, instaurado por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, que vigorou politicamente até 29 de outubro de 1945, e formalmente até 31 de janeiro de 1946.

Essas moedas deveriam ser cunhadas para comemorar o primeiro aniversário da Constituição de 10 de novembro de 1937, mas acabaram sendo cunhadas com a efígie do Presidente Getúlio Vargas.

Foram cunhadas em liga de cuproníquel (Cu 750, Ni 250) e apresentam as seguintes características:

No centro do anverso está a efígie do Presidente Getúlio Vargas voltado para esquerda, indo até o exergo. À esquerda, contornando a orla, a palavra GETULIO e, à direita, a palavra VARGAS. As duas palavras são interrompidas pela cabeça do Presidente.

No centro do reverso temos o valor em duas linhas horizontais paralelas; em cima o valor e embaixo a palavra RÉIS. Em cima do valor a palavra BRASIL, em linha curva. Embaixo da palavra RÉIS, a data. Acompanha toda a orla um largo ornamento estilo marajoara.

No meio numismático esta moedas são conhecidas como Getulinho.

As moedas de 200 réis de 1940, 300 e 400 réis de 1938 foram cunhadas nas seguintes quantidades:

Valor facial Ano Quantidade emitida
Valor médio (MBC)
200 réis 1940 10.161.000 (10 milhões e 161 mil unidades) R$ 2,00
300 réis 1938 12.080.000 (12 milhões e 80 mil unidades) R$ 2,00
400 réis 1938 10.620.000 (10 milhões e 620 mil exemplares) R$ 3,00

Os marajoaras

Os Marajoaras foram um povo que habitou, há mais de mil anos, a foz do rio Amazonas e a ilha de Marajó e que fabricava uma cerâmica parecida com a dos povos andinos, cujos detalhes envolviam animais estilizados e figuras geométricas.

7. XX réis de 1821-R (vintém)

Moeda de XX réis de 1821-R - Imagem: cortesia da NGC

Outra moeda de cobre que ocupa uma posição no ranking das moedas de réis mais comuns. Desta vez é a moeda de XX réis de 1821-R (20 réis) cunhadas em cobre durante o período do Brasil como Reino Unido de Portugal e tem as seguintes características:

No centro do anverso está o valor. Abaixo deste a data entre dois pontos, duas cruzetas ou dois florões. Mais abaixo, quando existe, a letra monetária entre dois pontos, duas cruzetas ou duas estrelas de cinco pontas. Tudo circundado por um anel de pérolas, em número variável, interrompido no alto por uma coroa real.

No alto, partindo do lado direito da coroa, acompanhando a orla, a legenda, JOANNES. VI. D.G. PORT. BRAS. E ALG. REX, abreviação das palavras: Joannes VI Dei Gratia Portugaliae, Brasiliae et Algarbiorum Rex (João VI por Graça de Deus Rei de Portugal, Brasil e Algarves).

Ao centro do reverso temos as Armas do Reino Unido, onde o bico e o pé da esfera separam a legenda em duas partes, tendo escrito à direita PECUNIA TOTUM e à esquerda CIRCUMIT ORBEM (o dinheiro circula em todo o mundo). As duas palavras da direita e as duas da esquerda estão separadas por pontos ou traço.

As moedas de XX réis de 1821-R foram cunhadas pela casa da Moeda do Rio de Janeiro nas seguintes quantidades:

Valor facial Ano Quantidade emitida
Valor médio (MBC)
XX réis 1821-R 10.827.577 (10 milhões, 827 mil e 577 unidades) R$ 30,00

Observação importante: é possível encontrar essas moedas com um carimbo de "100" estampado nelas. Esse carimbo é chamado de "carimbo geral de 100" pelos colecionadores. Moedas de XX réis de 1821-R carimbadas valem mais que moedas não carimbadas.

Leia o tópico "Bônus: sobre exemplares sobreviventes" no final do artigo para entender porque mesmo com tantas unidades emitidas não encontramos tão facilmente essas moedas.

8. 1000 réis de 1939 (Tobias Barreto)

Moeda de 1000 réis de 1939 - Imagem: cortesia da Caravelas Coleções

E na oitava posição temos uma moeda que faz parte da 2ª série em homenagem aos Brasileiros Ilustres e que teve cunhagem autorizada pelo Decreto-Lei nº 1.538, de 24 de agosto de 1939.

Foram cunhadas na liga de bronze-alumínio (Cu 900, Al 80, Zn 20) e possuía as seguintes características:

No centro do anverso o Busto do homenageado ligeiramente voltado para a direita. Em linhas verticais, à esquerda TOBIAS e, à direita, BARRETO. Na base de TOBIAS, em duas linhas, as datas 1839-1939. Junto à letra “O” de Barreto, a sigla do gravador BR (Benedito de Araujo Ribeiro).

No centro do reverso temos a palavra BRASIL e o valor em duas linhas: em cima 1000 e embaixo RÉIS. Embaixo da palavra réis a data 1939. Na orla, um largo ornamento em estilo marajoara.

As moedas de 1000 réis de 1939 foram cunhadas nas seguinte quantidades:

Valor facial Ano Quantidade emitida
Valor médio (MBC)
1000 réis 1939 9.586.000 (9 milhões, 586 mil moedas) R$ 4,00

Tobias Barreto de Menezes

Nascido em 1839 na ciade de Campos do Rio Real-SE e falecido em 1889 na ciade de Recife-PE, era jurista, ensaísta, crítico e poeta foi o principal representante da “Escola de Recife” e introdutor, no Brasil, das novas correntes do pensamento europeu, principalmente alemão, no final do século XIX.

Exercendo o jornalismo e a advocacia, dedicou-se também ao ensino, e desde 1882 foi catedrático de Direito Processual. Entre suas obras destacam-se Ensaio e Estudos de Filosofia e Crítica (1875), Traços Sobre a Vida Religiosa no Brasil (1881), Estudos Alemães (1883) e Questões Vigentes de Filosofia e de Direito(1888).

Os marajoaras

Os Marajoaras foram um povo que habitou, há mais de mil anos, a foz do rio Amazonas e a ilha de Marajó e que fabricava uma cerâmica parecida com a dos povos andinos, cujos detalhes envolviam animais estilizados e figuras geométricas.

9. 2000 réis de 1924 (mocinha)

Moeda de 2000 réis de 1924 - Imagem: cortesia da Caravelas Coleções

A moeda da 9ª posição é a primeira de prata do ranking. Essa moeda é conhecida por diferentes nomes em cada região do Brasil: mocinha, cachorrinha, banhadinha, fininha, meia prata, Catarina, mixuruca, cara suja, etc.

Cunhada em prata baixa (.500‰) (Ag 500, Cu 500) e pesando 7,837 gramas, ela possui as seguintes características:

No centro do anverso, dentro de um círculo, uma figura feminina de perfil para a direita, com barrete frígio ornado com uma palma de louro cingindo parte do seu pescoço, representando a República. Acompanham a orla vinte e uma estrelas de cinco pontas.

No centro do reverso temos o valor 2.000 em duas linhas paralelas horizontais: na primeira o valor e na segunda a palavra RÉIS. Em cima do valor o feixe consular. Começando embaixo da palavra réis, dois ramos subindo um de cada lado em sentido oblíquo, à esquerda, de café com frutos e, à direita, de tabaco com flores, ambos atados com o Laço Nacional.

À direita, entre o ramo de café e o Laço, a sigla do gravador JV (João da Cruz Vargas). Acompanha a orla a legenda REPUBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL. As palavras Republica, Estados, Unidos e Brasil da legenda são de tamanho maior e as palavras dos e do são em letras menores. No exergo, a data.

As moedas de prata de 2000 réis de 1924 foram cunhadas nas seguinte quantidades:

Valor facial Ano Quantidade emitida
Valor médio (MBC)
2000 réis 1924 9.147.000 (9 milhões e 147 mil unidades) R$ 20,00

Leia o tópico "Bônus: sobre exemplares sobreviventes" no final do artigo para entender porque mesmo com tantas unidades emitidas não encontramos tão facilmente essas moedas.

10. 20 réis de 1825-R (cobre)

Moeda de 20 réis de 1825-R - Imagem: cortesia da NGC

Na décima posição temos outra moeda de cobre, a moeda de 20 réis de 1825-R, do mesmo tipo das moedas da 3ª posição e tem as mesmas características, diferenciando somente o valor facial e algumas datas.

As moedas de cobre de 20 réis de 1825-R foram cunhadas pela Casa da Moeda do Rio de Janeiro nas seguintes quantidades:

Valor facial Ano Quantidade emitida
Valor médio (MBC)
20 réis 1825-R 9.053.601 (9 milhões, 53 mil e 601 unidades) R$ 25,00

Observação importante: é possível encontrar essas moedas com um carimbo de "10" estampado nelas. Esse carimbo é chamado de "carimbo geral de 10" pelos colecionadores. Moedas de 20 réis de 1825-R carimbadas valem menos que moedas não carimbadas.

Leia o tópico "Bônus: sobre exemplares sobreviventes" no final do artigo para entender porque mesmo com tantas unidades emitidas não encontramos tão facilmente essas moedas.

Bônus: sobre exemplares sobreviventes

Apesar de tantas moedas emitidas, não é comum encontramos exemplares das moedas de cobre todos os dias, principalmente em bom estado de conservação.

Por essa razão, quando estão em estado de conservação médio e bem conservado, podem ser vendidas em valores mais elevados para colecionadores e é assim devido a quantidade de exemplares sobreviventes das mesmas.

Em numismática, chamamos de "exemplares sobreviventes" a quantidade de moedas de determinada emissão ou cunhagem que ainda existem atualmente, ou seja, que sobreviveram com o passar do tempo.

Esses exemplares são classificados em diferentes estados de conservação de escalas de conservação de moedas, desde aqueles que estão em perfeito estado de conservação (Flor de cunho (FC/FDC) / Mint State (MS)) até aqueles que está muito desgastados ou danificados (Um tanto gasta (UTG) / Poor (P)).

Normalmente, utiliza-se o senso comum de frequência em que esses exemplares aparecem no mercado, procura por determinada peça por colecionadores, exemplares em coleções conhecidas e, de forma mais profissional, a quantidade de exemplares certificados por empresas certificadoras de moedas como PCGS, NGC, ANACS e ICG.

Ao comparar a quantidade de exemplares sobreviventes com a quantidade originalmente emitida, é possível determinar se uma moeda é rara, escassa ou comum.

A redução da sobrevivência de moedas de cobre está ligada a vários fatores, por exemplo:

  • Grande circulação e desgaste: As moedas de cobre eram usadas principalmente para transações diárias, o que significa que havia uma grande quantidade delas em circulação. Com o tempo, essas moedas se desgastavam e se tornavam ilegíveis, o que pode ter levado a uma diminuição na quantidade de moedas de cobre disponíveis para colecionadores.
  • Baixa qualidade: Muitas das moedas de cobre cunhadas durante o período colonial e imperial brasileiro eram de baixa qualidade, com acabamentos pobres e erros de cunhagem. Como resultado, muitas dessas moedas podem ter sido retiradas de circulação mais rapidamente do que outras moedas de material mais durável e mais bem-feitas.
  • Recolhimento / retirada de circulação: Como eram moedas muito comuns do dia-a-dia, quando havia a instituição de novos padrões monetários, era alta a adesão da população para a troca dessas moedas pelas moedas dos novos padrões, reduzindo muito a quantidade sobrevivente;
  • Reaproveitamento do material: Como o cobre é um material que foi muito usado na confecção de utensílios domésticos como panelas, tachos e equipamentos para alambiques, as moedas sobreviventes podem ainda ter sido reaproveitadas para a fabricação destes itens. Há ainda especulação de que moedas de cobre tiveram seu material reutilizado na indústria de fundição.
  • Descarte: Com o passar do tempo, muitas moedas de cobre podem ter sido descartadas ou perdidas, seja por terem se tornado ilegíveis ou por outros motivos. Como resultado, a quantidade de moedas de cobre disponíveis para colecionadores pode ter sido reduzida.

No caso da moeda de prata de 1000 réis de 1924, especula-se que o fato de não serem tão comuns é porque foram reaproveitadas por empresas de fabricação de foguetes por terem a quantidade de prata e cobre ideal para certos tipos de foguetes, porém, não há evidências concretas dessa informação.

Fontes:
CAFFARELLI, Eugênio Vergara, 2016 - As moedas do Brasil, desde o Reino Unido (1818 - 2000);

Imagens da Numismatic Guaranty Company, acessado em 23/04/2023;

Imagens da Caravelas Coleções, acessado em 23/04/2023.