O conceito de guerra evoca imagens de homens armados, espionagem e armamento pesado, contudo, a guerra psicológica também tem desempenhado papel crucial nos conflitos entre nações.

Ser capaz de semear discórdia e descontentamento no coração do inimigo tem efeito poderoso.

A propagação de mensagens pode cobrir uma ampla gama de objetivos: apontar o mal despercebido pelo inimigo, a representação positiva da própria facção ou zombar das ideologias do lado oposto.

Na Segunda Guerra Mundial, a prática de falsificar selos postais foi empregada tanto pelo Eixo como pelos Aliados, no esforço de angariar a simpatia para si mesmo e minar o ânimo do inimigo.

1. Operação Flocos de Milho

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O Escritório de Serviços Estratégicos Americano imprimiu selos falsificados em grande escala como parte da Operação Flocos de Milho (Operation Cornflakes).

A operação era simples: trens do serviço postal eram bombardeados. Em seguida, malas postais com cartas devidamente endereçadas e seladas — mas contendo propaganda anti-nazista — eram lançadas de aviões e espalhadas entre os destroços.

Esperava-se que o serviço postal alemão misturasse as cartas verdadeiras com as falsas e entregasse ambas no destino correto.

Embora algumas das cartas tivessem falsificações realistas de selos fixadas nelas, outras incluíam a versão que mostrava a cabeça de Hitler como um crânio descarnado, com seu cabelo e bigode ainda reconhecíveis, mais uma vez, de modo explícito, associando o ditador alemão com a morte.

Enquanto a propaganda nazista em torno de Hitler focava na imagem do líder dedicado de uma nova Alemanha mais forte, esse selo profetizava derrota e sofrimento para os alemães, presságios sombrios que se tornaram realidade no desfecho da Segunda Guerra Mundial.

2. Goering

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Hermann Goering, o comandante-em-chefe da Luftwaffe, também foi destaque em um selo falsificado, que o mostrava preso atrás de uma cerca de arame com a data de seu 51º aniversário.

Ele parodia o selo de 1943 que comemorava o 54º aniversário de Hitler. A diferença com a imagem de Goering é que ele não é um trabalho oficialmente produzido nos os EUA ou na Inglaterra.

Enquanto alguns classificam-no como uma falsificação britânica, outros especialistas acreditam que o selo foi produzido privadamente, por alguém interessado em lucrar com a guerra.

De qualquer maneira, ao substituir o tema pretendido de um selo por outro, ele ganhou lugar nesta lista.

3. Cruzes e caveiras

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Retratar o inimigo como a própria morte ou como arauto dela foi uma tática muito usada pelos Aliados. Um exemplo famoso é a paródia do conjunto de selos lançado em 1937 para comemorar o 48º aniversário de Hitler.

No original (à esquerda) está o retrato normal do líder nazista, mostrando o lema: "Quem quer salvar o seu povo deve pensar heroicamente." No entanto, o Escritório de Serviços Estratégicos Americano descarnou o retrato de Hitler e o colocou sobre uma linha de 13 cruzes.

Abaixo da imagem está escrito: "Império Alemão 1944" - sugerindo que o Führer e seu governo destinavam-se apenas a matar e a destruir a humanidade.

4. General Erwin Von Witzleben

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Esse esforço de propaganda é interessante em muitos níveis. Erwin von Witzleben foi comandante do exército alemão.

Ele foi condecorado e ficou gravemente ferido na Primeira Guerra Mundial. Na Segunda Guerra Mundial, após a Queda da França, foi nomeado Comandante Chefe do Oeste, mas logo retirou-se do cargo e aposentou-se, alegando problemas de saúde.

Algumas fontes sugerem que a aposentadoria foi forçada pelos nazistas, descontentes com as críticas de Von Wizlebem ao regime de Hitler.

Witzleben foi figura chave da tentativa de assassinar Hitler no atentado de 20 de julho, na Toca do Lobo, planejado por Claus von Stauffenberg.

Como Marechal, ele assumiria o Comando Supremo de todas as forças militares alemãs. Com o fracasso do golpe, Witzleben foi preso em Berlim em 20 de julho de 1944, quando se preparava para assumir o comando das tropas dos conspiradores.

Foi, então, expulso do Exército por uma Corte marcial estabelecida para julgar os militares envolvidos no golpe.

Em 7 de agosto de 1944, Witzleben foi condenado pelo juiz nazista Roland Freisler à pena de morte.

No dia seguinte, na prisão de Plötzensee, em Berlim, foi enforcado com uma corda de piano, sendo a execução filmada para posterior projeção para Hitler.

Os britânicos criaram um selo que parodiava a questão alemã, com um retrato de Von Witzleben no lugar do oficial da Sturmabtellung. A parte superior continha um sóbrio: "Enforcado em 08 de agosto de 1944."

5. Quisling

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Vidkun Quisling é um nome que foi imortalizado na língua norueguesa e no Collins Thesaurus of the English Language como sinônimo de traidor da pátria e colaborador dos inimigos do país.

Depois de entregar os noruegueses aos nazistas para ganho pessoal, Quisling se tornou figura odiada e desprezada pelos seus compatriotas.

A SOE britânica criou um selo que mostrava Quisling de perfil, com uma corda a enquadrar o retrato e uma legenda que dizia: "A conduta de Quisling trouxe a ele desonra e desprezo."

Depois da guerra, Quisling foi julgado e considerado culpado de alta traição e outros crimes. Em 1945, ele foi executado, não por enforcamento como sugere o selo, mas por um pelotão de fuzilamento.

6. Tudo para a Noruega ou tudo para a Alemanha?

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Mais uma vez preparado pelo SOE, na Grã-Bretanha, esse selo é bastante incisivo em sua mensagem. Ele retrata um nazista rotundo, com um porco debaixo do braço, saqueando o gado de um morador norueguês.

Nele está o slogan "Tudo para a Alemanha!", um trocadilho com o lema da monarquia norueguesa: "Tudo para a Noruega". Esse selo foi despejado aos milhares por aviões ingleses na Noruega ocupada, na tentativa de promover a resistência dos noruegueses.

Apesar da natureza informal, desenhos como esse desempenharam papel crucial na propaganda durante a Segunda Guerra Mundial.

Até mesmo o renomado Theodor Geisel, autor de livros para crianças, usou o talento para criar personagens destinadas a apoiar o esforço de guerra.

7. A amizade ítalo-alemã

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Foram impressos dois selos falsificados com foco na relação entre Berlim e Roma. Os selos originais mostravam Hitler e Mussolini de frente um para o outro de maneira formal.

Os britânicos redesenharam um deles (canto inferior esquerdo), substituindo o texto italiano de "Dois povos, uma guerra" com a frase em alemão, "Dois povos, um líder." (canto superior esquerdo).

O retrato de Hitler foi alterado e o mostra rosnando para Mussolini, que parece surpreso, bem diferente da versão oficial. O outro selo foi alterado sutilmente, de modo que à primeira vista parece ser o original (canto inferior direito), embora esteja com cores diferentes.

Nele, os britânicos só mudaram o logotipo do correio italiano para "Dois povos, uma guerra", escrito em alemão (canto superior direito).

8. A paródia de Himmler

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Selos falsificados com a imagem de Heinrich Himmler (centro e direita) foram emitidos pela British Special Operations Executive (SOE). Eles foram concebidos para imitar selos alemães que retratavam Hitler (à esquerda).

A premissa era que Hitler estava paranoico com a desconfiança de que Himmler planejava se tornar o Führer, e que selos, com a imagem do novo líder alemão, já estavam sendo impressos.

Injetar o sentimento de insegurança no inimigo era tática fundamental na guerra psicológica durante a Segunda Guerra Mundial. Esse selo explorava qualquer ansiedade que Hitler possa ter tido sobre as ambições de Himmler.

9. A falsa coroação

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Semelhante ao selo do jubileu de prata que acabamos de ver, o original desse(superior) foi emitido em 1937 para comemorar a coroação de Jorge VI e mostra ele e sua esposa, a rainha Elizabeth.

No selo falsificado (em baixo), Stalin, mais uma vez aparece, desta vez no lugar da Rainha, e, novamente, os símbolos da foice, do martelo e da estrela de David foram introduzidos.

A imagem do novo rei em parceria com Stalin é bastante contundente, e até mesmo para o olho moderno, imediatamente sugere que a nação britânica está sendo anexada ao império soviético.

No topo, o selo traz a lenda ", S.S.S.R Britannia", talvez para semear desconfiança sobre as verdadeiras intenções, dos então, aliados soviéticos, entre o povo da Grã-Bretanha. Dividir para conquistar parece ser a intenção primordial dessa falsificação.

10. Esta guerra é uma guerra judaica

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Este selo propaganda (baixo), produzido pelos nazistas no campo de concentração de Sachsenhausen, era uma falsificação do selo inglês de 1935, emitido para comemorar o jubileu de prata do reinado do rei Jorge V.

O selo oficial tem estampado o retrato do rei, mas os nazistas o substituíram pelo retrato de Josef Stalin, ladeado por estrelas de David e por martelos e foices soviéticos.

As datas foram ajustadas e enquadradas na legenda: "Esta guerra é uma guerra Judaica".

A falsificação transfere a culpa da guerra para os ombros do povo judeu, ligando Stalin com os inimigos do nazismo e suplantava o rei britânico pela figura do líder soviético.