Selos Aves Brasileiras: Soldadinho-do-araripe, Pararu-espelho e Rolinha-do-planalto

Os selos destacam três belas aves, em perigo crítico de extinção, existentes no território nacional: o soldadinho-do-araripe, o pararu-espelho e a rolinha-do-planalto. Os selos retratam o singelo bucolismo dessas aves em seus ambientes naturais, focalizadas, nessa emissão postal, por sua raridade e exotismo.

É mostrado, ainda, o logotipo da Birdpex 8, evento filatélico internacional, previsto para 2018, no Grão-Ducado de Luxemburgo. Foi usada pintura em tela para retratar as aves, e, nas folhas de selos, a técnica de computação gráfica.

Selos aves brasileiras: Soldadinho-do-araripe, Pararu-espelho e a Rolinha-do-planalto
Selos Gomados
Edital nº 2/2017
Arte Raphael Dutra
Processo de Impressão ofsete
Data de emissão 19/06/2017
Local de lançamento Brasília-DF / Poços de Caldas-MG / João Pessoa-PB
Foz do Iguaçu-PR / Crato-CE
Impressão Casa da Moeda do Brasil
Versão Departamento de Relações Institucionais
e Comunicação/Correios
Folha 15 selos (5 de cada)
Papel Couchê gomado
Valor facial R$ 1,25
Tiragem 600.000 selos
Área de desenho 25mm x 35mm
Dimensão do selo 30mm x 40mm
Picotagem 12 x 11,5
Cód. de comercialização 852012365
Folha de selos gomados sobre as aves brasileiras
Selos Autoadesivos
Edital nº 2/2017
Arte Raphael Dutra
Processo de Impressão ofsete
Data de emissão 19/06/2017
Local de lançamento Brasília-DF / Poços de Caldas-MG / João Pessoa-PB
Foz do Iguaçu-PR / Crato-CE
Impressão Casa da Moeda do Brasil
Versão Departamento de Relações Institucionais
e Comunicação/Correios
Folha 30 selos (10 de cada)
Papel Couchê autoadesivo
Valor facial 1º Porte carta não comercial
Tiragem 1.350.000 selos
Área de desenho 30mm x 30mm
Dimensão do selo 36mm x 36mm
Picotagem Semicorte com "BR"
Cód. de comercialização 852012357
Folha de selos autoadesivos sobre as aves brasileiras

1. Soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni)

Selo da ave brasileira Soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni)

O Soldadinho-do-araripe, Antilophia bokermanni, é um passarinho exclusivo do Brasil, encontrado somente no sul do estado do Ceará, nos municípios de Barbalha, Crato e Missão Velha. Descoberto em 1996 e apresentado para a comunidade dois anos depois, é uma das aves mais ameaçadas do mundo.

Vive em uma área muito pequena de mata úmida na encosta nordeste da Chapada do Araripe que está sob constante pressão de desmatamento, o que junto com o número reduzido de indivíduos conhecidos, o levou a ser categorizado como Criticamente em Perigo de Extinção.

De exuberante beleza, o macho é branco com a cauda e as penas de voo pretas, e com o topete e o alto da cabeça até o meio do dorso, vermelho. A fêmea, em contrapartida, possui o corpo todo esverdeado, com o ventre um pouco mais claro.

Com aproximadamente 15 centímetros de comprimento e pesando cerca de 20 gramas, vive em altitudes entre 670 e 910 metros. Alimenta-se principalmente de frutos, mas pode também ingerir pequenos insetos.

É uma espécie extremamente dependente de florestas com córregos perenes, isto é, riachos cuja água não desaparece nos períodos de estiagem, uma vez que seus ninhos são construídos suspensos sobre os cursos de água.

Como suporte para os ninhos, as fêmeas, responsáveis por construí-los sozinhas, utilizam uma variedade de onze diferentes espécies de árvores, sendo que também se alimentam dos frutos da maioria delas. Os ninhos são encontrados de novembro a março e geralmente cada casal tem dois filhotes por vez.

Após saírem dos ovos, os filhotes de ambos os sexos são semelhantes à fêmea e permanecem no ninho durante duas semanas. Os filhotes vivem com os pais por cerca de dois anos, quando os machos começam a mudar suas penas para a plumagem adulta e são expulsos para então se distanciar e demarcar seu próprio território.

Assim como os outros representantes de sua família, os Piprídeos, o Soldadinho-do-araripe é uma espécie territorialista, o que quer dizer que marca e defende o território dos potenciais invasores, cantando e eventualmente agredindo o intruso com bicadas. Nunca são vistos em bandos.

2. Pararu-espelho (Claravis geoffroyi)

Selo da ave brasileira Pararu-espelho (Claravis geoffroyi)

A Pararu-espelho, Claravis geoffroyi, é uma pomba da Mata Atlântica que intriga os pesquisadores, pois está desaparecida desde os anos 80. O macho tem coloração geral cinza-azulado e a fêmea é parda.

Chegando a 23 centímetros de comprimento, o que a diferencia das outras espécies é a presença de três faixas transversais largas nas asas de cor castanho-escuro.

Apesar de intensamente procurada, sem sucesso, por ornitólogos e observadores de aves desde seu desaparecimento, ainda não é possível considerá-la extinta. Entretanto, acredita-se que, se ainda vive em vida livre, não deve ser representada por mais de 50 indivíduos em ambiente natural e esse número tão baixo a coloca na categoria de Criticamente em Perigo de Extinção, Possivelmente Extinta.

Conforme dados históricos, vive em pequenos grupos e habita florestas densas e bordas de mata em terrenos montanhosos da Mata Atlântica. No período reprodutivo, coloca geralmente dois ovos, em arbustos.

Da mesma forma que as outras pombas, alimenta-se de gramíneas, frutos, sementes e às vezes, insetos encontrados no chão da mata, mas seu alimento preferido são os frutos dos bambus. Trata-se de uma espécie dependente de taquarais ou bambuzais que frutificam simultaneamente.

Há relatos, nas redondezas de Teresópolis no Rio de Janeiro, de bandos de 50 a 100 indivíduos de Pararu-espelho alimentando-se de diferentes espécies de bambus (taquaruçu, a taquara e a criciúma), nos meses de novembro e dezembro, quando estavam carregados de frutos.

Essa dependência chama atenção porque os bambus frutificam de forma variável podendo passar anos sem dar nenhum fruto.

Historicamente, ela era encontrada desde o sul da Bahia até Santa Catarina, além da Argentina, Uruguai e leste do Paraguai. Embora os motivos de seu desaparecimento não sejam completamente conhecidos, a degradação da Mata Atlântica e, em particular, a redução dos taquarais foram fundamentais para a sua diminuição.

Infelizmente, ainda pouco se conhece sobre essa raríssima e quase extinta pomba. Embora durante as décadas de 80 e 90 tenha sido criada em cativeiro com certa facilidade, atualmente não se sabe de indivíduos cativos e, consequentemente, o conhecimento sobre seus cuidados acabaram se perdendo.

3. Rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis)

Selo da ave brasileira Rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis)

A Rolinha-do-planalto, Columbina cyanopis, é uma pombinha endêmica do Brasil, o que significa que não ocorre em nenhum outro país, sendo uma exclusividade brasileira e uma das espécies de aves menos conhecidas de todo o mundo.

Com cerca de 15 centímetros de comprimento, é quase toda castanha, semelhante à rolinha-comum, mas diferencia- se por apresentar a cauda, a cabeça e as asas avermelhadas, além de exibir manchas metálicas azuis nas asas e os olhos azuis. O macho apresenta o padrão geral de coloração mais escuro que a fêmea.

Habita o bioma Cerrado, mas os registros comprovados da ocorrência da Rolinha-do-planalto são historicamente escassos e muito espalhados geograficamente, nos estados de Goiás, Mato Grosso e São Paulo, de modo que seus últimos registros documentados eram de 1940.

Foram 75 anos de completo desconhecimento sobre a espécie, o que resultou na sua categorização como Criticamente Em Perigo de Extinção e Possivelmente Extinta.

Após sua redescoberta, realizada em julho de 2015, pelo ornitólogo Rafael Bessa no interior de Minas Gerais, a espécie vem sendo intensiva e continuamente estudada e muito se tem aprendido acerca de sua história natural. Até pouco tempo acreditava-se que ela habitava os campos abertos e com gramíneas na região Centro-Oeste, um ambiente amplamente distribuído no Brasil o que tornava ainda mais difícil compreender a sua raridade.

Entretanto, os estudos recentes, posteriores a sua redescoberta, começaram a esclarecer que ela vive em áreas de vegetação mais fechada e depende de um tipo de ambiente muito peculiar que compõe o Cerrado brasileiro. Uma fisionomia, como chamam os pesquisadores, rara e também pouco estudada, denominada de campo rupestre arbustivo.

Por esse motivo, além do monitoramento dos doze indivíduos conhecidos de rolinha-do-planalto, os pesquisadores estão trabalhando para auxiliar na criação de uma unidade de conservação, buscando preservar além dessa raríssima espécie, o ambiente particular que ela ocupa e que também está sob ameaça de desaparecer.

Fonte:
Edital de emissão do selo, texto de Marina Somenzari, Bióloga do Cemave/ICMBio.

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