Selo comemorativo ao Centenário do Eclipse Solar em Sobral-CE
A criação do selo em homenagem ao Centenário do Eclipse Solar em Sobral-CE foi baseada em duas fotografias reais do evento à época: uma foto do eclipse e outra dos preparativos da observação.
A técnica utilizada foi a composição artística das imagens. Para dar destaque ao eclipse, foi aplicado um filtro fotográfico solar, e na parte dos preparativos foi gerada uma sombra de maneira artificial em objetos e pessoas, simulando um ambiente mais escuro.
Para finalizar foi ilustrado o céu de Sobral com o modelo de estrelas observadas de acordo com publicações sobre o assunto.
Edital nº | 7/2019 |
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Arte | Rodrigo Cassaro |
Processo de Impressão | ofsete |
Papel | Couchê gomado + verniz localizado |
Folha | Com 24 selos |
Valor facial | R$ 2,15 |
Tiragem | 240.000 selos |
Área do desenho | 35 x 25 mm |
Dimensão do selo | 40 x 30 mm |
Picotagem | 11,5 x 12 |
Data de emissão | 29/05/2019 |
Local de lançamento | Sobral-DF |
Impressão | Casa da Moeda do Brasil |
Versão | Departamento de varejo e outros Negócios/Correios |
Cód. de comercialização | 852012810 |
O eclipse solar de 1919 observado em Sobral-CE
Neste ano está sendo comemorado, em todo o mundo, o centenário das observações astronômicas realizadas durante o eclipse solar de 29 de maio de 1919.
As medidas da deflexão da luz das estrelas na borda do Sol, delas decorrentes, constituíram uma prova fundamental para a confirmação da Teoria da Relatividade Geral de Einstein.
Essa teoria alterou profundamente a nossa visão sobre o Universo, sua estrutura e funcionamento. Ela suplantou a teoria gravitacional que Newton havia formulado dois séculos antes.
As observações decisivas foram feitas por astrônomos britânicos em Sobral (Ceará) e na Ilha do Príncipe (África), então pertencente a Portugal.
O encurvamento do raio luminoso proveniente de uma estrela, quando passa próximo do Sol, já havia sido previsto um século antes com base na teoria de Newton.
Em 1911, e independentemente, Einstein chegou à mesma previsão. Ele propôs aos astrônomos que a deflexão da luz poderia ser medida em um eclipse solar total, por meio de fotografias de estrelas cuja luz passasse na borda do Sol comparadas com fotos das mesmas estrelas quando o Sol não estivesse mais na frente delas.
Uma expedição astronômica argentina, dirigida por Charles D. Perrine, tentou medir essa deflexão da luz das estrelas, em 1912.
As observações, durante um eclipse solar total, seriam feitas em Cristina, Minas Gerais; mas choveu todo o tempo e nada foi medido. Outras tentativas, e igualmente frustradas, foram feitas na Crimeia (1914), na Venezuela (1916) e nos EUA (1918).
Em 1915, Einstein elaborou a Teoria da Relatividade Geral baseado na ideia de que a gravitação resulta da alteração da geometria do espaço-tempo pela presença da matéria.
A matéria diz ao espaço-tempo como se curvar e a geometria do espaço-tempo diz à matéria como ela deve se mover. E previu que a luz das estrelas, ao seguir a trajetória mais curta no espaço-tempo, sofreria uma deflexão nas vizinhanças do Sol por um valor que seria o dobro do previsto na teoria newtoniana: o ângulo de deflexão deveria ser aproximadamente 1,74'' (segundos de arco).
Astrônomos britânicos organizaram duas expedições para observar o eclipse solar de 29 de maio de 1919: uma, com Arthur Eddington e Edwin Cottingham, para a Ilha do Príncipe, e outra, com Charles Davidson e Andrew Crommelin, para Sobral.
A escolha de Sobral como ponto de observação no Brasil foi feita por Henrique Morize, diretor do Observatório Nacional do Rio de Janeiro, que ficou também encarregado de providenciar a infraestrutura para as expedições estrangeiras que iriam para Sobral.
Em Sobral, no dia 29 de maio de 1919, apesar do tempo inicialmente nublado, as condições ficaram boas na hora do eclipse, que ocorreu às 08:56 h e durou cerca de 5 minutos.
Sete fotografias tiradas pelos astrônomos britânicos foram consideradas muito boas; sete estrelas apareciam nelas. Já na Ilha do Príncipe o tempo esteve chuvoso e só duas fotos puderam ser aproveitadas, e levaram a resultados mais incertos que os de Sobral.
A comissão brasileira em Sobral, liderada por Morize, fez observações sobre a corona solar durante o eclipse e tirou lindas fotos de uma imensa protuberância solar. Os astrônomos estrangeiros ficaram muito agradecidos pela recepção e apoio que receberam da comissão brasileira, das autoridades e da população de Sobral.
Em 6 de novembro de 1919, os astrônomos britânicos expuseram os resultados das observações feitas em Sobral e na Ilha do Príncipe. Elas levaram a um ângulo de deflexão próximo, dentro da margem de erro, daquele previsto pela Teoria da Relatividade Geral.
Einstein tinha razão! Sobre a importância das observações em Sobral, eles afirmaram:
"Resumindo os resultados das duas expedições, o maior peso deve ser atribuído aos obtidos com a lente de 4 polegadas em Sobral. Da superioridade das imagens e da escala maior das fotografias, reconheceu- se que estas seriam as mais confiáveis".
Nos dias seguintes, manchetes de jornais de todo o mundo estamparam que ocorrera uma revolução na ciência: a teoria de Einstein suplantara a de Newton. Este acontecimento fez com que Einstein, um cientista até então conhecido apenas por colegas físicos, se tornasse o cientista mais conhecido de todos os tempos. Quando esteve no Rio de Janeiro, em 1925, Einstein declarou:
"O problema concebido pelo meu cérebro incumbiu-se de resolvê-lo o luminoso céu do Brasil."
A emissão de um selo comemorativo do centenário do eclipse de 1919 pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, uma empresa pública, vinculada ao MCTIC, faz justiça a este evento de enorme importância para a ciência e para a humanidade.
O eclipse solar de 1919, observado em terras brasileiras, em Sobral, contribuiu para que Einstein se tornasse um cientista muito conhecido e para a consolidação da Teoria da Relatividade Geral, a teoria que é atualmente aceita pela ciência para a descrição do Universo e do movimento dos astros.
Fonte:
Edital de emissão do selo, texto de Ildeu de Castro Moreira do Instituto de Física da UFRJ.
Para mais informações e imagens, clique aqui e acesse a página especial sobre o Eclipe de Sobral elaborada pelo Observatório Nacional
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