Vários são os instrumentos de suplício, ou como tais utilizados, tomados como símbolos do martírio, que se encontram representados na Numária Portuguesa:

  • Os cravos (em dinheiros de D. Sancho I e em xerafins de prata de D. Pedro II);
  • As setas (em moedas de D. Sebastião, de D. João III e de D. João V);
  • As cruzes (desde a de Cristo, do Santo Sepulcro, de Santo André e de S. Jorge à de S. Tomé, em diversíssimas moedas);
  • A grelha de S. Lourenço (em diferentes tangas de prata dos Filipes e de D. João IV);
  • O mangual (em xerafins de prata ou de ouro, com a figura de S. Tomé); e
  • A roda de Santa Catarina, com puas, croques ou navalhas (em particular nas "rodas" de D. João V).

Com exceção, talvez, da cruz de Santo André, todos estes símbolos aparecem representados em numismas luso-indianos, sendo mesmo privativos destes, digamos assim, a grelha de S. Lourenço, o mangual e a roda de Santa Catarina.

Vamos agora ocupar-nos apenas das moedas luso-indianas chamadas "rodas", precisamente, por mostrarem no reverso o símbolo do martírio de Santa Catarina, padroeira de Goa, embora figurado só com seis raios.

São conhecidos exemplares de:

  • uma "roda": 1 ½ real ou 1 7/8 de bazaruco;
  • duas "rodas": 3 réis ou 3 ¾ bazaruco;
  • três "rodas": 4 ½ réis ou 5 5/8 bazarucos;
  • quatro "rodas": 6 réis ou 7 ½ bazarucos;
  • "rodas" de 10 bazarucos: por sinal, normalmente, as mais pesadas da série "rodas", como veremos; e
  • oito "rodas": 12 réis ou 15 bazarucos.

Trazemos aqui a público uma "roda" de cinco bazarucos adquirida há pouco para a nossa pequena coleção e que, pelo menos, é pouco vulgar, se não inédita.

Como subsídio para o estudo dessa moeda elaboramos relações discriminadas de todos os exemplares que conhecemos ou de que obtivemos notícia, com algumas das suas principais características, que inserimos no fim deste curto trabalho.

Todos têm como atributo, no reverso, a roda de Santa Catarina de Alexandria ou do Monte Sinai, onde foi martirizada e, por fim, rodada cerca do ano 307, no tempo do imperador romano Maximiano — e, no anverso, o escudo das quinas coroado, todo o conjunto em gravura bárbara[1].

Interessa fazer notar que as "rodas" são representadas sempre com 6 raios, em lugar dos 8[2] que conta o símbolo do martírio da santa, em movimento dextrógiro, e que nenhum exemplar conhecido é datado, tendo sido vasadas ou fundidas todas no reinado mais opulento da Numária Portuguesa.

Certo que, nessas relações, alguns exemplares poderão figurar por mais de uma vez, em resultado do desmembramento de coleções cujos elementos, por ventura postos em almoeda, foram depois ingressar noutras coleções.

Até no nosso pequeno conjunto de numismas luso-indianos possuímos três exemplares que pertenceram ao importante numofilácio de Henry Grogan, leiloado por Schulman em 1914. Voltas que o dinheiro dá!

Entre os diversos atributos numismáticos das "rodas" o peso, aqui expresso em gramas, nem sempre pode ser tomado como indicativo rigoroso do seu valor — por vezes nem sequer aproximado! —, pois que a mísera tutanaga ou o calaim, de que são feitas, nunca mereceram' grandes cuidados ao moedeiro hindu, nem a outros…

Como indicativo mais aproximado do seu valor será antes de confiar no módulo da "roda", embora, como é óbvio, isso careça de razoável precisão.

Com estas reservas classificamos os exemplares de que obtivemos elementos — uns 70 — nos sete grupos de valores já mencionados.

As tabelas publicadas por Teixeira de Aragão[3] e por Manuel de Campos[4] e os dados compilados pelo nosso falecido Amigo e ilustre numismólogo Engenheiro Raul da Costa Couvreur[5] foram auxiliares preciosos para a ordenação dos referidos numismas.

Transcrevemos a seguir essas tabelas, com ligeiras alterações.

Bazarucos
Estimativa de 15/06/1716
Estimativa de 25/06/1722
Réis de Goa
Gãos
Gramas
Réis de Goa
Grãos
Gramas
7 1/2 7 1/2 243 1/2 12,12 7 1/2 211 1/3 10,52
5 5 162 8,07 5 140 3/4 7,01
2 1/2 2 1/2 81 4,03 2 1/2 70 1/3 3,51
1 1 32 1/5 1,60 1 27 1/5 1,35
Resolução do Conselho de Goa, 24/06/1742
Designação
Réis de Goa
Grãos
Gramas
Bazarucos
8 rodas ou vintém 12 378 18,82 15
4 rodas ou 1/2 vintém 6 189 9,41 7 1/2
3 rordas 4 1/2 142 1/3 7,10 5 5/8
1 roda 1 1/2 47 1/4 2,35 1 7/8

Na realidade é caso assente, confirmado pelo exame das tabelas supra, que moedas com a designação oficial de "rodas" e tendo no reverso a roda de Santa Catarina só se fundiram no reinado de D. João V, depois da resolução tomada pelo Conselho da Fazenda de Goa, em 24 de setembro de 1742, com o objetivo de regularizar as emissões da bazarucada.

As moedas anteriores, também de tutanaga ou de calaim e algumas de cobre, eram conhecidas pela designação genérica de "bazarucos". Apresentamos na gravura nº 4 a reprodução de um bazaruco de cobre, de Filipe II, que julgamos pouco conhecido, sendo de notar que os eixos do anverso e do reverso desta moeda fazem entre si um ângulo quase reto (88°).

Vem a propósito salientar a importância que, para melhor identificação dos numismas de calaim ou de tutanaga fundidos, têm o conhecimento do seu módulo e a determinação do ângulo axial das suas duas faces.

Embora Manuel de Campos indique como emitidas apenas "rodas" dos valores 8, 4, 3 e 1, o que é fato é que Aragão, baseado no documento comprovativo que publica com o nº 119, datado de 24 de setembro de 1742, apresenta uma tabela de equivalências Rodas — Réis de Goa — Bazarucos, com 16 termos, desde uma a 400 "rodas".

Conquanto não faça referência especial ao assunto estamos certos de que, de fato, não se cunharam ou vasaram "rodas" de todos estes valores. Em contrapartida conhecem-se "rodas" com outros valores além dos quatro designados.

No que respeita ao nosso exemplar de "roda" de 5 bazarucos[6] ( * )devemos confessar que tivemos apreensões sobre a sua autenticidade[7]. E isto não porque o seu aspecto geral, no anverso, as justificasse: camada esbranquiçada anunciando sintomas da "lepra do estanho"; ligeiro granulado resultante da moldagem em areia e escudo das armas coroadas de Portugal, com desenho bárbaro, do tipo de certos bazarucos de D. Pedro II, não eram características de feição a levantar suspeitas.

Porém, no reverso, os 6 raios da roda, prolongando-se para além do círculo exterior por outras tantas puas ou navalhas retas e orientadas no sentido contrário ao de todos os outros exemplares por nós até então conhecidos[8] e o numeral indicativo do valor — um cinco virado à direita — foram a causa de certa desconfiança.

Depois de várias buscas por catálogos de leilões de moedas e livros da especialidade encontramos nas "Contributions" (1880-1883) do Dr. Gerson da Cunha o selo elíptico do Cabido da Sé de Goa, no qual se destaca a roda com as navalhas na mesma orientação das do nosso exemplar.

E, no mesmo livro, lá vem o esboço grosseiro de uma "roda" (?) ou bazaruco de cobre (classificado como 1 1/2 real de Filipe II? [9] ) mostrando, nitidamente, igual orientação das puas ou navalhas nas extremidades dos raios.

Moeda 1 bazaruco de Filipe II (cunhagem de 1598 a 1621 em estanho - peso de 3,1 gramas e diâmetro de 19 mm)
Moeda 1 bazaruco de Filipe II (cunhagem de 1598 a 1621 em estanho - peso de 3,1 gramas e diâmetro de 19 mm)

Também nas próprias moedas da índia Portuguesa cunhadas desde 1947, no canto esquerdo do chefe do respectivo escudo mantelado se destaca a roda da Santa com as navalhas recurvadas no mesmo sentido.

Recorrendo ao "Armorial Lusitano" encontramos também alguns brasões de armas, nos quais a roda de Santa Catarina, com oito raios, se apresenta no escudo em movimento, geralmente, da esquerda para a direita.

Citaremos os das seguintes famílias: Castro (senhores da Penha Verde), com uma roda; Costa (senhores de Pancas), com uma roda; Street, com três no roquete e uma no timbre; e Almansa, com 5 na bordadura, sendo três girando da esquerda para a direita e duas em sentido contrário. Quanto à inversão do algarismo 5 — caso que não é ímpar na numária luso-indiana — há que considerar que o gravador hindu, normalmente iletrado, mais se preocupava com o módulo da moeda, do que com a beleza do desenho ou até com o rigor do peso.

E, assim, da conjugação da disposição destes dois atributos — roda na posição realmente correta e algarismo 5 virado — somos levados a considerar autêntico o nosso exemplar (e porque não os outros dois idênticos?) supondo — mais não podemos avançar! — que o artista tenha desenhado a roda, no molde, tal como a via nas outras "rodas" e o 5, visto ser "obra nova", na sua posição normal, sem pensar, na sua ingenuidade ou ignorância, que tudo resultaria invertido na peça, depois de vasada.

Mas não cremos, contudo, que tivesse sido tal anomalia que impediu esta "roda" de 5 bazarucos de correr. Teria sido o seu reduzido peso de 6,60 gramas, bastante inferior ao dos 4 bazarucos[10]?. Mas também os exemplares de 15 bazarucos pesam, normalmente, menos do que os de 10! Questão de estiva?…

Como é sabido a anarquia foi grande na numária luso-indiana. Lembremo-nos de que nesses 25 anos houve, que se saiba, três estivas e de que as "rodas" não são datadas, nem é fácil atribuir-lhes datas, em virtude das incongruências dos seus pesos, nem temos elementos que nos permitam calcular uma correlação entre módulos e pesos, com razoável grau de confiança.

Assim, o nosso exemplar, se fosse de 5 "rodas", deveria ter o peso de cerca de 11,7 gramas pela estiva de 1742; mas se o algarismo 5 se referir a bazarucos — o que julgamos — pesaria 8,07 gramas segundo a estiva de 1716; seis anos depois a nova estiva atribuir-lhe-ia apenas o peso de 7,10 gramas. Não seria para admirar que, alguns anos passados, esse peso fosse, legalmente, muito próximo dos 6,60 gramas que lhe encontramos.

De resto, Teixeira de Aragão diz-nos, na sua magistral obra: "O lavramento da moeda de oiro e prata na índia Portuguesa foi irregularíssimo; mas a de cobre e calaim ultrapassou tudo quanto se pode imaginar de informe; os próprios documentos contemporâneos o denunciam".

Fig. 1: 'Roda' de 15 bazarucos. C. Goa. Módulo em vg 37/35 mm.; P = 16,44 g
Fig. 1: 'Roda' de 15 bazarucos. C. Goa. Módulo em vg 37/35 mm.; P = 16,44 g

Fig. 2: 'Roda' de 10 bazarucos, C. Damão-Baçaim. Módulo em vg 35/33 mm.; P = 19,59 g
Fig. 2: 'Roda' de 10 bazarucos, C. Damão-Baçaim. Módulo em vg 35/33 mm.; P = 19,59 g

Fig. 3: 'Roda' de 5 bazarucos. C. Goa. Módulo em vg 28/27 mm.; P = 6,60 g. D. Filipe II
Fig. 3: 'Roda' de 5 bazarucos. C. Goa. Módulo em vg 28/27 mm.; P = 6,60 g. D. Filipe II

Fig. 4: Bazaruco. Ae. Goa. Módulo em vg 13 mm.; P = 2,03 g
Fig. 4: Bazaruco. Ae. Goa. Módulo em vg 13 mm.; P = 2,03 g

Confirmando o que Aragão nos deixou escrito sobre este assunto transcrevemos também um trecho, um tanto ambíguo mas pitoresco, da epístola dirigida, em 23 de abril de 1755, pelo padre jesuíta José de Andrade, Administrador e Reitor do Colégio das Onze Mil Virgens, de Damão, ao Senado da mesma cidade. Discutia-se então o direito, que pelo rei havia sido concedido àquela entidade, de bater (ou vasar) bazarucada com peso "ad libitum", ou pouco menos…

"Da mesma sorte na moeda de tutanaga ainda que tenha mais ou menos peso não falta o valor intrínseco por quanto só tem o da estimação e do preço que se lhe põem não como tutanaga mas sim como moeda. E claramente se vê isto na mesma bazarucada antiga, da qual, como eu mesmo observei cada moeda tem diversos peso e nem por isso vale mais a moeda de duas rodas que pesa menos, nem é possível que esta moeda saia com igual peso porque além de que a forma se gasta com o uso também as vezes nela cabe mais ou menos calda".

Mais com a intenção de apresentar algumas referências bibliográficas relativas a "rodas", do que para melhor esclarecer o assunto — pois que é grande a confusão sobre ele existente — transcrevemos de seguida algumas passagens de vários autores que àquelas se referem.

Assim, na "História Genealógica da Casa Real Portuguesa" de D. Antônio Caetano de Sousa, às páginas do tomo IV, quando apresenta a "Relação das Moedas da Azia, que correm na Índia Portuguesa e das que são próprias do mesmo Estado", fornecida por Francisco da Costa Solano, diz: …"Uma Roda — Tem dois Bazarucos e meio, que correspondem a dois réis. As antigas tem de uma parte a roda de S. Catharina, e da outra as Armas de Portugal; as modernas tem uma Cruz, e as Armas de Portugal". E mais a seguir: "Bazaruco — É uma Moeda da mesma mistura, e de tão pouco valor, que setenta e cinco Bazarucos valem três vinténs, ou sessenta reis. Esta Moeda já hoje se não bate, e somente há alguns dos antigos que tem de uma parte a roda de Santa Catarina, e da outra as Armas Reais de Portugal".

No "Dicionário Universal das Moedas assim metálicas como fictícias, imaginárias, ou de conta, etc.", publicado sem indicação de autor[11] (*) em 1793, encontram-se mais algumas referências às moedas de que nos vimos ocupando:

"Vintém de seis rodas, ou quinze Bazarucos, vale sete reis e onze avos de real, é de cobre com mistura de estanho. = Meio vintém de cobre e estanho, de três rodas, ou sete Bazarucos e meio, vale 3 réis e meio e 5 avos de real. = Duas rodas, ou Moeda de cinco Bazarucos, é de cobre e estanho, e vale 2 réis e um quarto e doze avos".

Como se vê estas equivalências divergem bastante das fixadas na resolução do Conselho da Fazenda de Goa, em 24 de setembro de 1742. Corresponderão, acaso, a uma nova estiva?

Felippe Neri Xavier, em 1866, na "Memória sobre as moedas cunhadas em Goa" inserta na "Descrição do coqueiro, arequeira, arroz e moedas de Goa[12] " dá-nos outra descrição da "roda", começando por dizer: "O Governo Português querendo, certamente, apagar a memória das duas primeiras moedas (o dombdy e o durú), quis substituí-las por outras, e fez cunhar as denominadas rodas", etc., acrescentando-lhe, em nota, a descrição da "roda" que já transcrevemos anteriormente.

Resumindo, da consulta da legislação e da literatura já publicada sobre este assunto conclui-se que, sob a designação genérica de "rodas", houve diversos tipos de moedas que poderemos arrumar em três grupos com as características seguintes:

1º grupo: A — Armas coroadas de Portugal;
R — Roda de Santa Catarina.
2º grupo: A — Cruz;
R — Roda de Santa Catarina.
3º grupo: A — Armas coroadas de Portugal;
R — Cruz de Cristo.

Neste pequeno estudo — simples achega para outro mais pormenorizado — apenas nos ocupámos das "rodas" que constituem o 1º grupo, não só por não conhecermos "de visu" qualquer exemplar do 2º, como porque às do 3º entendemos não dever caber-lhes, rigorosamente, a designação de "rodas": é formado pelas moedas de calaim, vulgarmente também conhecidas por 20, 10 e 5 "bazarucos", conforme o seu valor, e cujo fabrico em Diu se prolongou até o reinado de D. Pedro IV (1828).

Para terminar resta-nos agradecer ao Exmo. Senhor Professor Damião Peres, superintendente do Museu Numismático Português, a afabilidade amiga com que sempre nos acolheu e as facilidades concedidas para o exame dos exemplares que nos interessavam; e aos Exmos Senhores Banqueiro Afonso Pinto de Magalhães, Engenheiro Joaquim Ernesto Michaëlis de Vasconcellos, Eduard M. van der Niepoort e Engenheiro Joaquim Ferraro Vaz a gentileza com que nos forneceram exemplares e decalques de "rodas" das suas coleções ou literatura sobre a matéria. A todos o nosso reconhecimento.

Lisboa, março de 1966.
Este artigo foi originalmente publicado por Joaquim Fronteira na Revista NVMMVS nº 28 de dezembro de 1966.

Notas

[1] Na nota Nº 15, a págs. 61 da "Memória sobre as moedas cunhadas em Goa", in "Descripção do coqueiro; arequeira, arroz e moedas de Goa", Felippe Neri Xavier diz: "Roda": he referencia a roda de Santa Catharina, Padroeira da cidade de Goa, e era o padrão das Armas do Senado, com que tinha sido cunhada a moeda de calaim, fabricada pelo dito Senado, com a roda de hum lado, e uma cruz de outro". Como se vê esta descrição difere do tipo dos exemplares mais conhecidos da "roda" de D. João V.

[2] Existe no Museu Numismático Português um grande exemplar de "roda" com 8 raios, pesando cerca de 40 gramas, com uma das faces praticamente anépigrafa, em que os três círculos do reverso estão substituídos por igual número de octógonos. No anverso adivinha-se, talvez, um D.

[3] "Descrição Geral e Histórica", etc., vol. III, págs. 98, 302 e 578 —1880.

[4] "O Archeologo Português", vol. VIII, pág. 204—1903.

[5] "Numismática Indo-Portuguesa — Bazarucos (Compilação)" — 1943.

[6] No Museu Numismático Português encontra-se um outro exemplar muito semelhante, mas com as navalhas mais grossas e curvas. Apresenta ligeiras rebarbas de fundição — as do nosso exemplar são bem visíveis, mesmo na gravura junta — e o seu peso é de 5,8 gramas, com o módulo de 28/27 milímetros. Foram nitidamente diferentes os moldes utilizados nas duas fundições.

[7] "É temeridade indesculpável dar-se a qualificação de falso a qualquer tipo monetário desconhecido, só porque os compiladores de leis não encontraram o título que o autorizou". ("Estudos de Numismática Colonial Portuguesa", de Manuel Joaquim de Campos, in "O Archeologo Português", vol. VIII, pág. 263).

[8] Um exemplar de "roda" de 10 bazarucos, para Baçaim (?) e outro de 5 pertencentes à coleção do Exmo. Senhor Banqueiro Afonso Pinto de Magalhães, apresentam a mesma particularidade quanto às navalhas ou puas da roda. Já no reinado de D, João III encontramos a roda de Santa Catarina com as navalhas na mesma orientação, como símbolo ou marca da cidade de Goa, em um "pardau S. Tomé" de ouro, descrito e figurado no catálogo Schulman da venda da coleção Grogan, em 1914, com o nº 1505. Por sinal H. Thomas Grogan classifica-o como de D. Sebastião, dizendo: "É o primeiro exemplar da divisa de roda que aparece em moedas indo-portuguesas. Mais tarde, no reinado de D. João V (1706-1750), aparece em muitas peças de tutenaga, que por essa razão se chamam Rodas" (V. "Numismática Indo-Portuguesa", por H. T. Grogan, trad. do Dr. Luís Pinto Garcia, pág. 60 e fig. 47).

[9] Pertenceu à coleção de J. M. de Sousa e Brito; cit. por Gerson da Cunha, que lhe atribui o peso de 3,24 gramas.

[10] Note-se- que, por acaso, dos três exemplares cujas características apresentamos no quadro V, todos indiscutivelmente vasados em moldes diferentes, o nosso é o mais pesado.

[11] A sua autoria tem sido atribuída quer a Jacintho José Ribeiro, que era Frei José Mariano da Conceição Vellas.

[12] Também publicada no "Boletim do Governo da Estado da índia", nº 73 e 75, de 1866, às páginas 624 e seguintes.