Fagner Máximo: a arte no dinheiro (entrevista)
Se você é colecionador e acompanha os boletins da Sociedade Numismática Brasileira-SNB, Sociedade Numismática Paranaense-SNP ou até mesmo artigos aqui do Blog da Collectprime já deve ter ouvido falar do colecionador e designer Fagner Máximo.
Em 2019, na edição nº 10 (Ano VI) do informativo "O NVMISMATA" da Associação Virtual Brasileira de Numismática-AVBN foi publicada uma entrevista que fiz com Fagner Máximo, a qual reproduzimos aqui no Blog da Collectprime.
Quem é Fagner Máximo?
Fagner Máximo da Silveira tem 33 anos e é natural de Criciúma, Santa Catarina. Seu currículo é absolutamente extenso: Formado em Artes Visuais (Bacharel) e filosofia, Pós-graduado em filosofia/Sociologia, pós em Saúde da Família (Ministério da Saúde) e Pós-graduado em Marketing e Publicidade.
Serviu as Forças Armadas – Exército Brasileiro de 2004 a 2006. Foi professor de Artes, filosofia e Sociologia por 10 anos, e trabalhou na área da saúde por 4 anos.
Trabalhou também com comunicação visual, marketing e publicidade. Hoje atua com criação de artes e finalização na indústria plástica flexográfica e na área de impressão gráfica.
Como começou a se interessar pela numismática?
Meu inicio e aproximação com a numismática ocorreu em meados de 1991, quando eu tinha 6 anos. Naquele período, vivenciei a troca do padrão monetário do Cruzado Novo para Cruzeiro.
Sendo assim um dos objetos que utilizava como brinquedo, eram as cédulas sem valor, que eu ganhava dos meus pais e dos parentes próximos. Curiosamente, muitos dos livros didáticos daquele período (1990-1995), período em que estive no ensino Básico, eram ilustrados por cédulas e moedas.
O assunto que reinava era justamente a inflação. Naquele mesmo período, observava atento ao meu pai fazendo os cálculos de como passaríamos o mês.
Tempos difíceis, mas que fizeram a criança que eu era se interessar pelo tema. Curiosamente não era fã de ciências exatas, mas a numismática e o meio circulante me fizeram desperta este interesse.
Além disso, em paralelo, eu acompanhava outro tipo de coleção, coleção esta que me fez ficar a par dos grupos de colecionismo e resistas e livros do assunto. Falo da filatelia, coleção e acervo que preservo até hoje.
A filatelia foi à base para o sistema de trocas, e a correspondência com outros colecionadores do Brasil e do exterior. O interesse maior pela numismática surgiu quando eu tinha 11 anos.
A partir daquele instante, comecei a buscar literatura específica, bem como melhorar e organizar a coleção. Também surgiu o interesse pela organização da coleção de Moedas.
Qual foi o seu primeiro trabalho voltado às moedas?
O primeiro trabalho voltado à numária, bem como a temática específica, foi à série de moedas dos estados brasileiros, e a moeda Brasil.
Este projeto surgiu, a partir da observação dos Quarter Dólares, coleção que eu havia recém completado no ano de 2012.
Naquele ano, eu estava migrando do Orkut, para o Facebook. Esta troca de plataforma me possibilitou a conexão com grupos e pessoas de outros lugares.
A partir do Facebook, que conheci alguns grupos, e alguns comerciantes e colecionadores.
Era tudo novo, e como eu já trabalhava com as artes há muitos anos, surgiu ali então a ideia de criar algo novo, uma serie de desenhos alusivos as moedas, como uma proposta, sem pretensões, apenas para ilustrar uma possibilidade.
Ai na sequencia deste projeto surgiu a comunicação visual para alguns grupos e comerciantes, todos com formato em moeda ou cédulas.
Quais os principais trabalhos que já desenvolveu na numismática?
É difícil listar um ou outro trabalho específico, mas além da criação das artes das moedas e cédulas, eu atendo algumas sociedades (SNP, SNB, AVBN e outras), diagramando e editando os boletins e demais comunicações visuais.
Para a AVNB, criei uma série de cédulas em alusão ao seu patrono, Dom Pedro I. Foi à série mais extensa que criei, com diversos valores e efígies do Monarca que é símbolo da Peça de Coroação, Moeda esta que ilustra a Marca da AVBN.
A SNB foi me encomendou a arte da Medalha em homenagem ao Gravador Girardet, bem como as séries de cédulas para os congressos. Atendi a SNB com uma serie em 2016, com a cédula Bônus de 2017, e estamos agora com a cédula Bônus de 2018 sendo finalizada.
A SNP é o maior parceiro, pois já foram mais de 11 boletins diagramados, além da criação da Medalha dos 25 anos da Sociedade, e da criação de séries de cédulas alusivas a sociedade.
A primeira família apresentou os animais em extinção do estado do Paraná. A segunda família, a temática abordada foi a Justiça.
E tenho um grande amigo, o Doutor Oswaldo M. Rodrigues Jr. de São Paulo, que além de amigo, é um grande parceiro. Oswaldo já encomendou diversas artes, desde medalhas e condecorações.
Começamos a parceria em 2014, através das redes sociais, que iniciei uma grande parceria. O Oswaldo é Psicólogo desde 1984, Diretor do Instituto Paulista de Sexualidade-InPaSex, e Editor Chefe da Revista Terapia Sexual: Clínica, Pesquisa e Aspectos Psicossociais - CEPES do Instituto Paulista de Sexualidade.
Um dos primeiros trabalhos, foram a Medalha: Reconhecimento InPaSex de Terapia Sexual e o Pin para lapelas no ano de 2014. Em seguida sugiram outras medalhas.
Na sequência tivemos a Medalha Comemorativa da Edição 300, da revista Sexologia Notícias, em agosto do mesmo ano. Em 2015 surgem as medalhas de História da Sexologia, a nível Brasil e Latino Americano, já com a nova identi dade visual da InPaSex.
O trabalho mais expressivo que desenvolvia ele foi à série de moedas romanas, com seu busto. Tenho esta série aqui em um estojo completo, com todas as moedas, com os diversos padrões de moedas Romanos.
Seguindo a sequência do projeto das moedas romanas, esta proposta veio inicialmente para ilustrar a capa do livro do amigo Psicologo e Numismata Oswaldo Rodrigues Jr. Porém como foram cunhadas as moedas do conjunto, o amigo Oswaldo decidiu também cunhar esta peça, trazendo mais uma moeda para a grande família.
No universo geral, as cédulas do Banco do Numismata e Banco do Gravador foram as mais expressivas, pois nelas estão estampadas as efígies de diversos amigos. A mais especial delas foi a cédula ao amigo já falecido Pedro P. Balsemão, grande nome da nossa numismática e um grande gravador.
A Cédula é especial, pois foi feita para o Encontro Nacional de Florianópolis, onde eu pode presenteá-lo e conhece-lo. Em meu acervo, eu tenho uma peça única desta que foi autografada por ele, naquele dia do evento.
Hoje vários colecionadores utilizam uma identificação que você criou, tem ideia de quantas foram feitas?
É difícil numerar a quantidade específica, mas foram mais de 50 trabalhos realizados, somente no layout MOEDA, já no layout Cédula, teríamos ai algumas centenas de amigos do meio numismático, sem contar os trabalhos que realizo de forma comercial que não foram divulgados por questões de direitos de imagem, por exemplo, encomendas particulares com imagens de familiares e parentes próximos.
Mas no ano de 2013, foi o “boom” da comunicação visual para mim, pois eu criava diversas marcas e cédulas, e o bate-papo do Facebook, cada vez que abria, via os trabalhos que eu realizara, sem contar os banners do face. Alguns utilizam até hoje as cédulas como meio de comunicação.
Dentre esses trabalhos qual foi o que mais gostou?
Eu sou suspeito a falar, pois eu coloco no papel aquela ideia que veio em mente, então às vezes eu não consigo suprir a ideia, por questões logicas como, por exemplo, um efeito tridimensional, que mesmo sendo feito em um aplicativo 3D, não ficaria da forma que eu gostaria, ou até mesmo um afeito de metal, ou pátina.
Eu criei uma série de moedas, em alusão aos 450 anos do Rio de janeiro, e esta série foi uma das primeiras que completei um conjunto (Moeda – Estojos – Metais – Etc.).
Esta série seria o segundo trabalho que mais gostei de ver o resultado final. Mas o que eu mais admiro dos meus trabalhos, apesar de não ter uma repercussão tão grande, foram as moedas de Nióbio e Prata que desenvolvi, com a temática COMUNICAÇÕES. Esta série sem dúvidas, pra mim é a mais Bela, e é a que eu mais gosto.
Este tema, tão importante para a ligação do passado, presente e futuro, é retratado nesta belíssima série. Mas esta série tem um diferencial. A concepção artística dela baseia-se na utilização do Nióbio.
No Brasil, até onde tenho conhecimento, foi à primeira proposta em conjunto feita em Nióbio e Prata. Alguns meses depois que lancei a proposta, a Casa da Moeda apresentou uma série única com os animais das cédulas do Real, feitas em Nióbio. Mas o conjunto que desenvolvi, é uma viagem no tempo e na modernidade das comunicações no Brasil.
Além dos trabalhos realizados em design gráfico, quais as outras ações voltadas à numismática que já desenvolveu?
Eu estou no meio numismático desde jovem. O primeiro evento que organizei, foi em 1995, quando expos parte do meu acervo em meu colégio.
Era uma feira cultural, e utilizei um grande numero de carteiras escolares pra expor cédulas e moedas. Mas se tratando de organização e eventos ou ações, iniciei oficialmente em Maio de 2013, na semana dos Museus daquele ano.
Fui convidado a expor no Museu Augusto Casagrande aqui em Criciúma, e a exposição foi tão atrativa que ficou um mês todo no museu. Na sequência, surgiu por parte da organização naquele período, a ideia de se organizar um Encontro de Colecionadores.
E desde então eu estou nesta empreitada. Depois apareceram outros parceiros e apoiadores. Hoje contamos com dois ou três encontros ao mês, desde eventos no Shopping Central, aos eventos na Praça.
Ao todo já foram mais de 100 encontros, e mais de 40 exposições, além de participações em feiras aqui na região, bem como a aproximação de outros grupos de colecionismo. Hoje temos uma grande mescla de colecionadores, que vão desde a Numismáti ca, filatelia, Telecartofilia, Vinil, Militaria, Brinquedos e antiguidades em Geral.
Também é importante comentar sobre as ações nos colégios. Em determinados períodos que eu estava de folga do colégio, então ia a outras unidades de ensino apresentar a Numismática aos alunos e professores.
A partir daí surgiu o projeto “Sua Ideia em Realidade”, onde eu colhia informações de propostas de moedas e cédulas dos alunos, e depois lapidava, criando uma cédula fictícia ou moeda fantasia.
Recentemente em parceria com uma Loja de Criciúma, estou desenvolvendo produtos numismáticos para este cliente. Destes produtos, desenvolvi a este cliente o primeiro álbum de cédulas do Brasil – Período de 1942 ao Real Atual.
Qual o seu sonho ainda a se realizar dentro da numismática?
O sonho mais ousado, ou digamos que seria o maior sonho, seria ver um projeto ou moeda desenvolvida por mim, sendo produzida pela nossa Casa da Moeda. Sem dúvidas, depois de tantos projetos já desenvolvidos, se acontecesse de um deles passar e ser produzido, eu estaria pleno com todas as propostas já desenvolvidas até agora.
E claro, ir a uma padaria, tomar um café e pegar ou dar uma destas moedas de troco, isso seria magnífico. E sendo eu um numismata e Artista Visual, a felicidade seria em dobro, pela arte desenvolvida, e pela proposta inovadora no álbum da coleção.