Excertos sobre os dois tipos de blister em alusão à entrega da Bandeira Olímpica
A moeda de um real comemorativa em alusão à entrega da bandeira olímpica foi lançada em 2012.
Juntamente com as cerca de 2 milhões para circulação comum, vieram as especiais para colecionadores, encapsuladas em um folder (blister) que contém as informações sobre o lançamento e os jogos vindouros.
Estas moedas, além do folder especial, ainda foram cunhadas com o método Brilliant Uncirculated, que confere um acabamento mais refinado à peça.
Eu particularmente, demorei algum tempo até a aquisição de um exemplar. Depois disso, devido a outras oportunidades, acabei adquirindo mais 7 exemplares.
Em uma destas compras, ocorrida pela internet, tive o desprazer de receber um exemplar com a cápsula quebrada. Como o incômodo e o trabalho da reclamação (e, com sorte, devolução) não compensavam, acabei por seguir meu instinto de investigação e retirei a moeda completamente do blister.
Guardei a cartela e vendi a moeda, que por ter um acabamento melhor, saiu por um valor pouco abaixo do que pagara na cartela.
Algum tempo depois vendi o restante das peças que tinha e, para minha surpresa, quem comprou entrou em contato solicitando minha averiguação com relação a uma delas, cuja cápsula não estava fixada no papel como os outros exemplares, saindo com facilidade.
Além disso, o mesmo noticiou-me que alguns detalhes do desenho também diferiam dos outros. Para ser justo, devolvi o valor integral e paguei o envio de volta.
Ao receber a peça, retirei a cápsula e a moeda de dentro dela, pesei e efetuei todas as medidas, além de uma análise da qualidade da moeda. A suspeita é que haverá falsificação e a moeda na cápsula poderia ser falsa ou de circulação comum, encapsulada para aumentar o seu valor (em cerca de 30% na época).
Após análise cuidadosa, verifiquei que a moeda não só era original como também atingia (e até excedia a média) da qualidade do cunho esperada. Verifiquei também que, sem sombra de dúvidas, as cartelas haviam sido impressas por máquinas diferentes.
Como não me deparara com nenhum relato deste problema até então por parte de outras pessoas, acabei "engavetando" os resultados por vários meses. O engavetamento durou até que participei de uma conversa no Facebook sobre a existência de dois tipos de cartelas em circulação, sendo ambas supostamente originais.
Com algumas novas discussões, decidi voltar aos antigos resultados para uma apresentação aqui no blog. Vamos a eles.
Do lançamento dos blisters pelo Banco Central
Em comemoração à passagem da Bandeira Olímpica de Londres para o Rio de Janeiro, o Banco Central do Brasil lançou em 2012 uma moeda comemorativa de circulação comum alusiva a esta data.
À época, foi autorizada a cunhagem de 2 milhões de unidades para circulação comum, bem como a confecção de cartelas destinadas aos colecionadores, cuja moeda deveria ser cunhada utilizando-se do método "Brillant Uncirculated", no qual os cunhos possuem um acabamento melhor, resultando em peças com apelo visual maior.
Destas, foi autorizada a confecção inicial de 10 mil unidades, com máximo de 80 mil peças que poderiam ser produzidas (dados do site do BCB) e na página do SISMECIR podemos conferir que foram produzidas 20.300 unidades.
Os dois tipos de cartela
Os "Blisters da Bandeira", (como são popularmente denominados), podem ser divididos em dois tipos. Chamarei aqui de Tipos 1 e 2 para acentuar e detalhar as características de cada um.
O encapsulamento
A diferença mais notável é o encapsulamento.
Tipo 1: A cápsula está acondicionada internamente ao papel utilizado na montagem da cartela, sendo possível sua retirada apenas rasgando-se a mesma, como mostra a Figura 1.
Tipo 2: Já no segundo tipo, a cápsula que contém a moeda vem somente encaixada na cartela, podendo ser facilmente retirada, como a mostrada pela Figura 2.
Por si só, estas características já definem dois tipos de cartelas. Mas suas diferenças não ficam restritas a isso.
O desenho
Há ainda evidentes características distintas no desenho das cartelas. Na cartela Tipo 2 as inscrições na parte interna possuem um distanciamento maior com relação ao orifício onde a moeda viera encaixada.
Por outro lado, a Tipo 1 visivelmente possui uma tonalidade bastante mais intensa que a Tipo 2, além de o desenho parecer mais bem definido, como mostra a Figura 3.
As duas impressões
Enquanto isso, também é evidente a diferença do tamanho do pixel da impressão. Como podemos ver nas Figuras 4 e 5. Na Figura 4 identificamos a diferença do formato dos pixels no desenho das cartelas.
Esta diferença fica bastante evidente em uma olhada mais próxima. Na Figura 5 vemos um close-up sob o microscópio, onde é notável a diferença de tamanho e forma dos pixels de cores.
Isto implica a manufatura dos dois tipos de cartelas por matrizes (impressoras) diferentes.
Conclusões
Com o objetivo de esclarecer esta dualidade, em 2017 enviei pedido de informação ao Banco Central do Brasil pelo seu canal de atendimento ao cidadão. Foi registrado como Demanda 2017410066, para a qual obtive resposta no dia 24/10/2017, a qual reproduzo integralmente a seguir:
Prezado(a) Senhor(a) FABIO RAFAEL HERPICH:
Referindo-nos ao Registro: 2017/410066, de 14/10/2017, informamos que, de fato, houve duas tiragens de cartelas das moedas de R$1,00 da Entrega da Bandeira Olímpica, produzidas por fornecedores diferentes, uma com blíster destacável e outra com blíster interno. Apesar de não ser possível afirmar, pelas fotos, de que se trata de cartelas oficiais, provavelmente os dois exemplares mencionados são cartelas legítimas produzidas em diferentes tiragens.
Atenciosamente,
Departamento de Atendimento ao Cidadão (Deati)
Divisão de Atendimento ao Cidadão (Diate)
Tel: 145
www.bcb.gov.br/?FALECONOSCO
Portanto, após alguns meses de dúvidas, temos a confirmação de que são de fato duas cartelas encontradas no mercado, bem como foram ambas produzidas sob encomenda do Banco Central do Brasil e, portanto, as duas oficiais e válidas.