Escavações arqueológicas e as moedas do tempo bíblico
De acordo com várias escavações e explorações arqueológicas feitas nas regiões do extremo sul do Mar Morto em direção ao Golfo de Ácaba, na região do Vale Rift, no lugar denominado nos tempos bíblicos de Arabá, onde hoje na atualidade se encontra a cidade de Wadi-Arabá, foram descobertas ruínas de antigos povoados possivelmente de mineradores, pois o lugar também mostrou diversas minas antigas de prata, de onde como afirma a Bíblia extraiu-se o mineral nos tempos do rei Salomão (ano 1.000 a. C. - 900 a. C.).
Nesse mesmo lugar no tempo dos nebateus (300 a. C. - 100 a. C.), também foi retirada a prata dessas minas e utilizada para confeccionar objetos e lingotes, além de moedas desse tempo. O Bronze também já era uma liga conhecida e muito utilizada nessa época. I Reis 7:45.
E os caldeirões, e as pás, e as bacias, e todos estes objetos que fez Hirão para o rei Salomão, para a casa do Senhor, todos eram de cobre polido.
— I Reis 7:45
Seguindo as escavações arqueológicas por vários grupos de pesquisadores dos EUA, Inglaterra, Alemanha, França, Egito e Israel, várias cidades antigas foram descobertas nessa região do Oriente Médio, cobrindo uma área que se estende desde o Iraque, passando por toda região do Golfo Pérsico até o Egito e Etiópia.
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Cidades como Bete-Seã no vale de Jezreel e do Jordão (Juízes 1:27) e Bete-Semes (a casa do Sol) a 38 km de Jerusalém, cidade essa, como afirma os relatos bíblicos, os filisteus entregaram a Arca da Aliança de novo aos judeus após tê-la tomada.
Manassés não expulsou os habitantes de Bete-Seã, nem mesmo dos lugares da sua jurisdição; nem a Taanaque, com os lugares da sua jurisdição; nem os moradores de Dor, com os lugares da sua jurisdição; nem os moradores de Ibleão, com os lugares da sua jurisdição; nem os moradores de Megido, com os lugares da sua jurisdição; e resolveram os cananeus habitar na mesma terra.
— Juízes 1:27
E andavam os de Bete-Semes fazendo a sega do trigo no vale, e, levantando os seus olhos, viram a arca, e, vendo-a, se alegraram.
— I Samuel 6:13
Nessas localidades antigas as escavações encontraram objetos como esculturas, joias, escaravelhos sagrados, selos, asas de jarras inscritas que poderiam ter servido naquela época como moeda de troca.
Em II Reis 18:1 diz que "no terceiro ano de Oséias, filho de Elã, rei de Israel, começou reinar Ezequias, filho de Acaz, rei de Judá", o selo acima confirma essa passagem. Alguns desses selos reais tornaram-se modelos para desenhos de cunhagens de moedas.
E sucedeu que, no terceiro ano de Oséias, filho de Elá, rei de Israel, começou a reinar Ezequias, filho de Acaz, rei de Judá.
— I Reis 18:1
Em Bete-Zur, que significa "casa da rocha" era uma localidade muito antiga ocupada desde a Idade do Bronze (2.000 a.C. - 1.500 a.C.), citada em Josué 15:58 e I Crônicas 2:45, que possui uma história de reconstrução e destruição, pelo menos umas cinco vezes foi reerguida, como afirma o relato bíblico.
Primeiramente construída na época dos juízes de Israel, foi incendiada no ano 1.000 a. C., o rei Roboão tornou a fortificá-la no ano 930 a. C.
Caim, Gibeá, e Timna; dez cidades e as suas aldeias.
Halul, Bete-Zur, e Gedor,
— Josué 15:57,58
E foi o filho de Samai, Maom; e Maom foi pai de Bete-Zur.
— I Crônicas 2:45
A cidade foi destruída novamente nas épocas de Judá, de Jonatas e de Simão. Ela foi abandonada totalmente no governo de João Hircano, tetrarca da Judeia no começo da era cristã.
Entre os vários objetos escavados nessas ruínas encontram-se a mais bela coleção de moedas já encontradas em todas as escavações feitas até hoje, que se relaciona com a história dos povos bíblicos.
Desde 538 a. C., a província judaica foi dominada por reis e soberanos de outros países, nessa data Ciro II permitiu a volta dos judeus da Babilônia (Esdras 1 e 2) essa dominação ocorreu até o governo de Alexandre, o Grande por volta de 332 a.C. Dario I permitiu a reconstrução do Templo (Esdras 5:17).
Agora, pois, se parece bem ao rei, busque-se na casa dos tesouros do rei, que está em Babilônia, se é verdade que se deu uma ordem pelo rei Ciro para reedificar esta casa de Deus em Jerusalém; e sobre isto nos faça saber a vontade do rei.
— Esdras 5:17
Nessa época os judeus cunhavam moedas de baixo valor como o óbolo de prata (cerca de 120 de shekel ou 0,6 gramas de prata) cunhado na Judeia entre 375 a. C. até 333 a. C. o shekel corresponde ao ciclo.
Segundo Thompson, em seu livro A Bíblia e a Arqueologia, veja quantas moedas foram encontradas nessas escavações:
- 52 moedas dos reinados dos 6 ptolomeus. A primeira data de 252 a.C., e a última de 210 a.C.
- 300 moedas pertencentes aos dias dos selêucidas e macabeus, sendo:
- 126 moedas de Antíoco Epifanes (175 à 163 a. C.);
- 5 moedas do rei Balas (150 à 145 a. C.);
- 13 moedas de Demétrio II (145 à 139 a.C.);
- 10 moedas de Antíoco VII (139 à 129 a. C.);
- 2 moedas selêucidas dos anos 125 - 121 a. C;
- 16 moedas judias de João Hircano, o governante judeu (134 à 104 a. C.), entre
- outras.
As histórias contadas por essas moedas afirmam que a cidade de Bete-Zur, foi ocupada nos dias de Antíoco IV e terminou por volta de 165 a. C., houve um ligeiro reavivamento novamente por volta de 145 a. C., até o fim do reinado de João Hircano e cerca de 100 a. C. a história contada por essas moedas termina.
O rei Antíoco cunhou moedas representando suas vitórias na guerra usando elefantes, na Batalha de Bete-Zur.
Bem antes do reinado de João Hircano outro rei chamado Demetrius I cunhou moedas com sua efígie de um lado e do outro a deusa da fortuna denominada Tique.
No ano 161 a. C., o general selêucida Báquides conquistou a região reconstruindo novamente a cidade em modelo dos gregos.
Essas histórias contada através dessas moedas são muito interessantes, principalmente por contar o período da era obscura da Bíblia, entre o livro de Malaquias e o Novo Testamento, contada somente nos livros apócrifos de Macabeus, que conta a história dos reis asmoneus.
Um rei dessa época chamado Simão teve permissão do governo grego para cunhar moedas. Essa história está contada no livro de I Macabeus 15:6. Nessa época no ano 145 a.C., a região caiu de novo nas mãos dos judeus, através de Jonatas e Simão.
Dou-te permissão de cunhar moeda própria, para ser usada no teu país.
— I Macabeus 15:6
João Hircano também cunho várias moedas utilizando símbolos reais de um lado, e do outro era cunhado estrelas, âncoras, flores, frutos, etc., itens esses que não ofendia a cultura cristã dos judeus e a autoridade divina de Deus.
Do lado dos símbolos reais havia a romã, a cornucópia (chifre) e uma grinalda com inscrições em hebraico dizendo: "João Sumo Sacerdote e a Comunidade Judia".
Nota-se que os tetrarcas que governavam a Judeia e a Galiléia nessa época, também exerciam a função de sacerdotes no Templo de Jerusalém.
Outro rei-sacerdote chamado Alexandre Janeu cunhou moedas com palmeiras e o lírio e seus símbolos reais a romã, a cornucópia e também a roda.
Hircano II cunhou moedas somente inscritas: "Sumo Sacerdote". E Antígono, que assumiu o trono em 40 a. C., e predecessor de Herodes, cunhou moedas com seu nome de um lado, e do outro lado seu nome judeu: Matatias Sumo Sacerdote e a comunidade judia. Essas moedas nos dão essa revelação importante.
Nessa época as moedas judias já eram praticamente sem valor e o material era muito ruim com uma mistura de apenas 27% de cobre, devido as muitas guerras e ao alto valor de impostos que o povo judeu pagava à Roma.
A moeda mais comum cunhada nessa época era o Lepton ou o Às de bronze, equivalente a um quadrante, cunhadas na própria Judeia, segundo a Bíblia era a oferta da viúva pobre (Marcos 12:42).
Vindo, porém, uma pobre viúva, deitou duas pequenas moedas, que valiam meio centavo.
— Marcos 12:42
Outras escavações importantes em cidades da época após o advento do cristianismo, também encontraram muitas moedas, como as achadas na cidade de Colossos, situada no vale do rio Lico à 18 km ao leste de Laodicéia, na rota comercial entre a cidade de Éfeso em direção ao rio Eufrates. Essas moedas são do tempo da igreja primitiva fundada pelo apóstolo Paulo.
Outra cidade onde o apóstolo passou e que também foram encontradas moedas romanas nas escavações foi a antiga cidade de Derbe, (Atos 14:20), essas moedas são da época do rei Antônio Pio que governou a partir de 57 d. C.
Mas, rodeando-o os discípulos, levantou-se, e entrou na cidade, e no dia seguinte saiu com Barnabé para Derbe.
— Atos 14:20
Na época da revolta dos Macabeus, ou Primeira Grande Revolta Judaica entre os anos 64 e 65 da era comum, foram cunhadas várias moedas denominadas shekel.
Assim percebemos a grande importância das moedas para a compreensão da história, dos costumes e das tradições das épocas antigas. A numismática ao lado da arqueologia tornam- se ferramentas fundamentais para elucidar as histórias e confrontá-las à luz da Bíblia.
Abaixo apresentamos um sestércio cunhado por Vespasiano em alusão a conquista definitiva da Palestina e a derrota dos judeus. De um lado o busto de Vespasiano e a inscrição: .IMP. CAES VESPASIAN AVG P M TR P P P COS III e do outro lado o próprio General em pé com uma lança na mão e um pé apoiado num capacete ao chão, uma palmeira de tamareira e uma mulher judia sentada chorando e a inscrição IVDEA CAPTA SC (Judeia Capturada).
Referências
Estudo Perspicaz das escrituras. Vol. 1, Aará-escrita, pp 354-355.
Mau, Yair. As moedas do estado judeu: ontem e hoje. Site: conexão Israel. Acesso em: 15 de março de 2019.
Owen, G. Frederick. D.D., Ed D., Suplemento Arqueológico - Bíblia Thompson, São Paulo: Editora Vida, 2007, pp 1.503 a 1.577.
Thonpson, John A. A Bíblia e a Arqueologia: quando a ciência descobre a fé. Books.google.com.br