Carimbo "NULA" é um modelo para a fabricação de cunho
O presente artigo "Carimbo NULA é um modelo para a fabricação de cunho" foi originalmente redigido em 06/09/2019 pelo próprio autor Edil Gomes, encaminhado para publicação no Blog Collectprime em 15/06/2020.
O artigo foi escrito em resposta ao artigo "Moeda 25 centavos 1995 «NULA»" de Rubens Bulad publicado no boletim nº 93 (JAN/JUN de 2019) da AFNB (Associação Filatélica e Numismática de Brasília) nas páginas 18 a 22.
Por acúmulo de atividades no nosso dia-a-dia em um ano frenético de acontecimentos atípicos, o artigo não foi publicado antes, pedimos desculpas ao autor. Enfim, publicamos abaixo ipsi litteris em seu nome mediante sua autorização prévia.
Para sintonizar sobre o assunto abordado, remetemos ao último boletim da AFNB, onde em interessante artigo nas páginas 18 a 22, com o título: "Moeda 25 centavos 1995 - Nula", Rubens Bulad aborda sobre o assunto.
Antes de começar a analisar o tema, parabenizo o autor que sempre descreve com cuidado sobre a numismática, fazendo comparativos com padrões internacionais de forma elucidativa e didática.
Complementando o artigo em questão, trago novas fontes para pesquisa, pois desde que surgiu, esse carimbo em moeda de 25 centavos de 1995, com a inscrição NULA no centro e elementos circulares, aplicado no anverso e reverso, sempre trouxe desconfiança no meio numismático.
Após várias análises, discussões e confronto com a época, chegou-se a uma hipótese de que se tratava de uma adaptação para máquinas de caça-níquel que utilizava moeda de 25 centavos para seu funcionamento a exemplo dos quarter dólar e assim circulassem de modo interno nos casinos, que com a lei Pelé se alastrou pelo país.
Embora contundente, pois adulterar moeda de circulação é uma prática ilegal e mesmo parecendo a mais lógica, nunca foi confirmada.
Como é feito o descarte na CMB
Através de uma Gestão Ambiental todo material descartado é reutilizado, incluindo cédulas e moedas imprópria para circulação, sendo da sua produção ou recolhidas pelo Banco Central.
Segundo o site da CMB, a gestão de resíduos sólidos está alinhada às normas da Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei n.º 12.305/2010.
Uma empresa terceirizada efetua, em conjunto com o corpo técnico da CMB, a gestão integrada dos resíduos, da classificação do material gerado nas instalações de Santa Cruz até a destinação final.
Os resíduos industriais e recicláveis são concentrados, segregados, pesados e armazenados temporariamente na Central de Resíduos, dotada de moderna infraestrutura, com 5.200 de metros quadrados de área.
Em 2015, os resíduos de cédulas deixaram de ser encaminhados para aterros sanitários e passaram a ser coprocessados, uma destinação ambientalmente mais adequada.
Além de prolongar a vida útil dos aterros, a nova destinação possibilita o aproveitamento de energia a partir de resíduos. No ano de 2015, 173 toneladas do resíduo foram encaminhadas para coprocessamento.
Em 2016, houve uma sensível diminuição na destinação de resíduos, em decorrência da redução da produção.
Atualmente na Casa da Moeda os discos para as moedas são adquiridas de empresas terceirizadas por licitação, não existe processo de fundição de metal nas moedas circulantes dentro da CMB.
Informações de como são descartados e para onde são encaminhadas as moedas e discos impróprios, não são divulgados de forma pública.
Novas informações sobre o “carimbo NULA”
Somente em 2018, através de um livro lançado oficialmente pela Casa da Moeda do Brasil com o título: "Casa da Moeda do Brasil: segurança, inovação e arte desde 1694", sob a coordenação de Tércio Marcus de Souza, onde apresenta o trabalho desenvolvido pela CMB no fabrico de produtos de segurança e meios circulantes, descrevendo técnicas e processos de fabricação das notas, moedas e documentos.
Tal livro não foi comercializado sendo entregue para autoridades e interessados em produtos oferecidos.
Para surpresa, em uma de suas páginas apresenta fotos onde descreve em fotos o processo de fabricação de um cunho, utilizando como exemplo o já conhecido "carimbo NULA", dessa forma atribuindo que tal peça foi produzida dentro da Casa da Moeda.
Por existir a moeda com esse carimbo, tal cunho chegou a ser usado e poderia ter sido distribuído a autoridades para se mostrar como é o processo de cunhagem.
Um mistério revelado pela própria CMB em uma de suas publicações, 23 anos depois da data da moeda de 25 centavos de 1995, que ainda está em circulação, podendo ser classificado dessa forma como uma prova de cunhagem.
No livro, contudo, não há mais detalhes sobre o seu uso, se seria realmente para inutilizar moedas e apesar da última foto representar o cunho final que seria utilizado para a cunhagem, não apresenta uma peça cunhada com o carimbo NULA.
Podemos supor que vários outros testes são realizados internamente pela CMB e que não chegam ao nosso conhecimento.
Pesquisando sobre as fotos, tivemos a informação que estão expostas de forma pública na Galeria de Valores do Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro (CCBB-RJ).
Analisando alguns desses exemplares de moedas com o carimbo não encontramos nenhum tipo de defeito aparente, seja no disco, no peso ou em sua cunhagem, que ainda apresentam os desenhos padrões da moeda, identificando seus traços principais e o ano.
Sobre os modelos no CCBB-RJ
A seguir apresentamos algumas fotos com as etapas de fabricação do cunho usado para a cunhagem de moedas, em fotos de Bruno Pellizzari.
O aço em barras (material bruto) é cortado em formato maior, levando-se em conta a medida do bico do cunho.
A seguir a barra recebe um bico em uma das extremidades através do torno e é retificado (polido), nesse estágio o material segue para uma prensa onde uma matriz em positivo transfere por pressão (esmagamento) no bico do cunho o design de forma negativa.
Apesar de estar no centro das peças, essa é uma outra já previamente confeccionada e já com seu aço temperado para maior dureza, note que essa peça é em positivo, é ela que será pressionada contra o bico do cunho e fará a transferência em negativo para o cunho.
Após a transferência da matriz para o cunho, a peça ainda não está pronta, segue para o torno, onde receberá o formato para ser encaixado na prensa de cunhagem e na virola.
O cunho já transportado, note que a imagem está em negativo.
Nesse estágio recebe acabamento final e segue para ser temperado (tratamento térmico) o que tornará o aço mais resistente e aumentará sua duração de uso, esse cunho recebe ainda uma numeração e é encaminhado ao cofre do DEMON onde estará será usado conforme a demanda.