500 réis de 1929: a história de uma moeda falsa de época
Ali pelo final da década de 30, existia em Ribeirão Preto um talentoso torneiro e de tão talentoso, resolveu fabricar dinheiro metálico; as moedinhas de 500 réis de 1929 que falamos no título acima.
E dá-lhe 500 Réis 1929, bonitinhas que só vendo. A esposa do "moedeiro" encarregava-se de botar pra circular a produção do marido: da quitanda á loja de móveis eram montes de moedinhas miúdas e tantas eram que começaram a chamar a atenção, inclusive da policia e numa "batida com mandato" surpreenderam a filial ribeirão pretana da Casa da Moeda.
Nosso torneiro/moedeiro foi devidamente encarcerado e constituiu um advogado para sua defesa.
Logo após a prisão o advogado do réu entra em contato com o delegado e solicitou informações sobre o processo já em curso e, ao examiná-lo, afirma que seu cliente estava sendo erroneamente acusado; ante o espanto do delegado afirma:
Meu cliente não falsificou nada.
Como não? afirma zangado o delegado, não está vendo a falsificação incluída nos autos?
Estou, responde o advogado, mas essas moedas não indicam serem imitações de algo emitido pelo Tesouro Nacional.
O senhor está brincando comigo? responde o enfezado delegado.
Claro que não, replica o advogado. E para esclarecer essa questão vamos consultar o Tesouro e a Casa da Moeda.
O aturdido delegado de polícia concordou e foram feitas as devidas consultas.
Após algum tempo vieram as respostas: nem o Tesouro Nacional e nem a Casa da Moeda haviam autorizado ou fabricado as referidas moedinhas.
Conclusão: O réu não pode ser acusado de falsificação e sim de "simulação de dinheiro".
A pena devia ser bem menor e com a habilidade de seu advogado, o nosso "moedeiro" ganhou a liberdade para responder o processo.
À época a rua da oficina do torneiro ficou conhecida como "Rua do Tesouro", pois nela também existia uma clicheria que "confeccionava" selos do Imposto de Consumo, mas essa já é outra história.
Ah, Vila Tibério, histórias de um dos mais antigos e tradicionais bairros de Ribeirão Preto.
Fonte:
Artigo de Osvaldo Luiz Collucci Oliveira, publicado no boletim "Divulgando", do Clube Filatélico e Numismático de Catanduva, Ano XXVII, nº 208, Janeiro/Março de 2006, página 04, republicado pela Sociedade Numismática Brasileira em seu boletim edição Nº 57. Direitos de reprodução cedidos ao Collectprime.